Foto: Divulgação/Marcos Corrêa
Michel Temer (PMDB) 05 de junho de 2017 | 07:14

E o país volta a parar, por Raul Monteiro

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Até o ex-presidente Lula avaliou, durante mais um Congresso do PT, que o presidente Michel Temer (PMDB) ganhara nos últimos dias uma sobrevida depois do catastrófico grampo de que foi alvo, efetuado pelo dono da JBS, Joesley Batista, o reú confesso que conseguiu escapar da prisão por meio de um acordo com o Ministério Público Federal que deixou toda a sociedade absolutamente indignada, e da ostensiva campanha deflagrada pela Rede Globo na esteira das revelações com o objetivo de apeá-lo a qualquer custo da posição de primeiro mandatário da Nação.

A prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB), excepcionalmente, neste último sábado, pela Polícia Federal, no entanto, tem tudo para jogar o país ainda mais fundo no mar de instabilidade que se criou desde então. Antes de saber que a prisão do ex-assessor já estava a caminho, Temer chegou a dizer que não acreditava que Loures o delatasse. Uma bobagem. É exatamente o que o procurador geral da República, Rodrigo Janot, pretende, quando obtém a prisão, numa segunda tentativa, das mãos do ministro Luis Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Loures foi gravado recebendo uma mala de R$ 500 mil num restaurante de São Paulo que, segundo delatores da JBS, seriam destinados ao presidente da República, um dos cerca de dois mil políticos brasileiros a quem os fregueses mais frequentes do financiamento com dinheiro público farto e fácil do BNDES garantem, sem a menor cerimônia, terem distribuído regularmente propina, entre os quais se incluem, segundo eles, o próprio Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em cujas gestões o duto do principal banco de fomento nacional irrigou os caixas da JBS para que seus donos fizessem fortuna e gerassem empregos no exterior.

A confirmação de que o dinheiro havia lhe sido entregue foi dada pelo próprio ex-deputado, ao entregar a mala à PF, inclusive, sem cerca de R$ 30 mil, posteriormente acrescentados ao pacote. Quanto tempo Loures levará para abrir o bico e confirmar a delação do time de primeira grandeza da JBS ninguém sabe, mas muitos estimam que não vai levar muito, o que deve tornar a permanência de Temer na Presidência absolutamente insustentável.

O problema não é a necessidade de punir o presidente, comprovadas as acusações que lhe fazem a respeito de dinheiro desviado e malas.Nem contará muito a ofensiva iniciada por ele contra o procurador geral da República e o ministro Fachin, a qual inclui espalhar extraoficialmente que sofre as consequências de tentar executar no Congresso a reforma da Previdência, que iria, segundo setores do governo divulgam, cortar principalmente os privilégios do Judiciário, onde se encontra hoje a elite do funcionalismo público. O que importa é o tempo que o país voltará a ficar parado, vendo o contingente que hoje bate em mais de 14 milhões de desempregados se ampliar, com reflexos, inclusive, sobre a violência. Triste sina esta do Brasil!

Raul Monteiro
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