05 de maio de 2017 | 07:32

Na ONU, Venezuela denuncia “corrupção generalizada” no governo Temer

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O governo da Venezuela usou uma sabatina de direitos humanos do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar a corrupção no governo de Michel Temer, além das violações ocorridas no País. O discurso, entre os mais de cem países que tomaram a palavra, foi o mais duro, refletindo a crise diplomática que existe entre Caracas e Brasília nos últimos meses.”Estamos profundamente preocupados com a corrupção generalizada no governo”, disse nesta sexta-feira a delegação de Caracas.O governo de Nicolás Maduro tem sido criticado pelo Itamaraty por sua violência contra a oposição, em protestos nos últimos dias. O Brasil também tem alertado sobre as ameaças para a democracia, diante das medidas adotadas por Caracas. Mas, nesta sexta-feira, foram os venezuelanos quem usaram esses argumentos para atacar o Brasil.Caracas, por exemplo, pediu que o País se “abstenha do uso da força, execuções sumárias por parte de forças de ordem, principalmente na guerra contra as drogas”. “Pedimos medidas urgentes contra a tortura, mortes violentas e assassinatos, superlotação e condições degradantes em prisões”, disse.Ainda no que se refere à violência, a Venezuela cita a ocorrência de 5 mil mortes de mulheres no Brasil por ano, assim como 500 mil casos de estupros ou tentativas de violência sexual por ano. Os dados são do Ipea.Além disso, o governo de Maduro pediu o “restabelecimento da democracia e estado de direito, fundamental para os direitos humanos, afetados pelo golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff”.Citando a discriminação contra mulheres, indígenas, afrodescendentes e a violência contra crianças de rua, a Venezuela ainda criticou a Emenda Constitucional 95, que congela gastos por 20 anos. A emenda, segundo Caracas, é incompatível com obrigações internacionais e vai afetar 16 milhões de pessoas.”A situação de direitos deu um passo para trás de 20 anos, com o fim do status ministerial da pasta de Direitos Humanos”, completou a delegação da Venezuela.

Estadão Conteúdo
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