26 de abril de 2017 | 06:35

Sabesp assinou contrato R$ 22 mi mais caro com Odebrecht em 2014

brasil

Citada nas delações da Lava Jato, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) desclassificou um consórcio que tinha oferecido o menor preço para executar obras de esgoto na Praia Grande, cidade do litoral sul paulista, para assinar um contrato R$ 22,7 milhões mais caro com a Odebrecht, em 2014. O edital da obra, que prevê a construção de um emissário submarino para lançar esgoto tratado em alto mar, foi publicado no dia 1.º de março de 2014 pelo então diretor da estatal João Paulo Papa, hoje deputado federal pelo PSDB. Na noite de terça-feira, 25, a Sabesp soltou um comunicado ao mercado no qual explica a situação dos contratos citados. A íntegra está ao fim da reportagem. O contrato, no valor de R$ 339,9 milhões, foi assinado no dia 3 de junho, mas acabou sendo suspenso no mesmo dia pela Justiça a partir de uma liminar obtida pelo consórcio desclassificado, formado pelas empresas CMR4 Engenharia e Augusto Velloso. A obra nunca foi feita. Conforme o Estado revelou na terça-feira, 25, planilhas entregues à Lava Jato pelo ex-presidente da Odebrecht Benedicto Júnior, conhecido como ‘BJ’ e delator, vinculam a obra ‘Emissário Praia Grande’ a supostos pagamentos de R$ 1,5 milhão de caixa 2 para a campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014 e de R$ 300 mil para o deputado Papa, que deixou a Sabesp após lançar o edital, no dia 27 de março, para disputar a eleição. Segundo o delator, os pagamentos teriam ocorrido em agosto daquele ano. No caso do governador, o documento aponta suposto repasse de R$ 1,5 milhão no dia 5 de agosto direcionado a ‘MM-Partido’, codinome usado pela Odebrecht para se referir ao atual secretário paulista de Planejamento, Marcos Monteiro, que foi tesoureiro da campanha de Alckmin em 2014. Marcos Monteiro afirma que ‘a gestão financeira da campanha de 2014 foi feita dentro da lei’. Papa também nega ter recebido doação ilegal para sua campanha. ‘BJ’ afirmou em depoimento aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que a Odebrecht fez pagamentos ilícitos no valor total de R$ 8,3 milhões à campanha de Alckmin em 2014 porque ‘ele era um expoente que tinha espaço no cenário nacional pelo PSDB’ e ‘tinha o manejo do Estado de São Paulo, importante para a nossa operação’. Ele não apontou se houve corrupção na obra do emissário da Sabesp e disse que os pagamentos de caixa 2 devem ter saído do lucro da empreiteira.

Estadão
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