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Coronel em pose para o fotógrafo das estrelas, Valtério 01 de fevereiro de 2017 | 11:23

Vitória de Coronel embola disputa para 2018 entre Rui, Neto e Otto

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Apesar de o governo ter buscado rapidamente abraçar a candidatura de Angelo Coronel (PSD) assim que sua vitória se tornou iminente e provocou a desistência de concorrer do presidente Marcelo Nilo (PSL), reforçando sua condição de político da base, o PT e lideranças ligadas ao governador Rui Costa estão profundamente preocupados com a mudança no comando do Legislativo, para a qual o grupo de ACM Neto (DEM) foi desde as primeiras horas simplesmente decisivo.

O primeiro item da preocupação é técnico e diz respeito à clara diferença de perfil entre o presidente que sai, profundo conhecedor do regimento e dos trâmites legislativos capazes de fazer a Casa andar ou parar sob as mais razoáveis e legais justificativas, e o que entra, para o qual o conhecimento de todos esses detalhes nunca foi importante, o que, no limite, pode prejudicar as demandas do governo no Poder, principalmente aquelas mais urgentes.

Mas o mais importante deles é político e está relacionado ao grau de compromisso que Coronel terá com o governador. Dadas as ligações próximas que estabeleceu principalmente com a gestão anterior, de Jaques Wagner (PT), com quem chegou pela primeira vez à presidência da Assembleia, há 10 anos, Nilo habituou-se a atuar, sob o PT, mais como um líder e defensor intransigente do governo do que propriamente como um presidente do qual se esperaria comportamento de magistrado.

Fez isso com maestria. Foi nele, neste período, que os governos petistas encontraram, como recompensa, socorro e amparo. A origem política, as relações pessoais mais próximas ao grupo do prefeito de Salvador e a própria campanha, na qual sentiu-se tratado em determinados momentos como um candidato da “oposição” por alguns secretários de Estado, entretanto, tornam o futuro relacionamento de Coronel com o governo e a bancada liderada pelo PT uma verdadeira incógnita.

O próprio nascimento da candidatura do PSD pode ser considerado heterodoxo. Ele é atribuído a “um estalo” de dois políticos ligadíssimos a ACM Neto. Percebendo “a fadiga de material” representada pelo tempo excessivamente longo que Nilo passou como presidente da Assembleia, o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis (PMDB), e o deputado federal Elmar Nascimento (DEM), sob o consentimento de ACM Neto, pediram um encontro com Coronel no final do ano passado.

Ali, convenceriam-no a disputar a eleição contra o presidente apresentando-lhe as razões para as grandes chances de vitória que vislumbravam para sua candidatura e uma bem bolada estratégia de campanha. Não contavam apenas com a oxigenação que representaria a emergência de um novo nome, no ambiente de exaustão a que a atual gestão chegara, potencializado, por sua vez, por suas características de deputado extremamente hábil, divertido e de fácil e agradável convivência.

Tampouco consideravam só o prosaico sonho atribuído a Coronel de ser indicado candidato a vice na chapa com que ACM Neto pretende concorrer ao governo, em 2018, embora isso não tenha deixado de contar como elemento de convencimento. O deputado do PSD foi o escolhido por um motivo imensamente mais forte: sua profunda amizade com o senador Otto Alencar era a garantia de que o presidente estadual do PSD não o abandonaria sob qualquer hipótese, como a campanha comprovou.

Em hora decisiva, ao perceber que o governo pendia para o lado de Nilo, Otto chegou a avançar o sinal e questionar se o governador estava por trás do movimento de dois de seus secretários, que nominou, forçando um recuo da parte deles. Por esta razão, a eleição hoje que consolidará a vitória de Coronel como candidato único à presidência da Assembleia, é muito devida ao cacique do PSD, e, consequentemente, o consolida efetivamente como uma terceira força política no Estado.

Ao conquistar o comando do Legislativo com um aliado direto, Otto ascende ao mesmo patamar do governador e de ACM Neto no cenário da sucessão de 2018, tanto como grande influência quanto como protagonista, principalmente depois de ter assistido, na semana passada, à vitória de seu candidato na disputa pela presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro (PSD), prefeito de Bom Jesus da Lapa, a qual apenas sequenciou a força com que emergiu no ano passado do interior pelo grande número de prefeitos que seu grupo conseguiu eleger.

Este é o motivo porque depende em muito dele, devido à sua sabida influência sobre Coronel, o comportamento que o novo presidente adotará na condução da Assembleia a partir de agora, embora qualquer forte empoderamento, como o que o aliado está prestes a experimentar, provoque repercussões que nunca se pode antecipar. Principalmente num cenário em que não se questiona a importância fundamental que a oposição teve desde a gestação da candidatura do novo presidente.

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