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Deputado estadual Angelo Coronel é o novo presidente da Assembleia Legislativa 09 de fevereiro de 2017 | 08:48

O arriar das malas do presidente Coronel, por Raul Monteiro

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No arriar das malas, o novo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Angelo Coronel (PSD), já revelou o que já se anunciava aos quatro cantos com relação à sua futura gestão: o governo vai tê-lo como aliado, mas não como seu líder na Casa, papel muito bem desempenhado pelo antecessor Marcelo Nilo (PSL), responsável por grande parte do sucesso político obtido pela gestão passada de Jaques Wagner e estes dois anos em que o governador Rui Costa (PT) surfou num mar de tranquilidade e segurança na sua relação com o Poder Legislativo baiano.

Em menos de 48 horas no comando da Assembleia, Coronel já deu um conjunto de espanadas capaz de deixar qualquer aliado ressabiado ou no mínimo consciente de que o status quo definitivamente se alterou. Numa lista de 57 demissões promovidas com o objetivo de saber quem é quem nos quadros da Casa, o novo presidente não poupou sequer um genro de Wagner, que, assim como os demais, teve que retornar a seu órgão de origem, um desconforto grande, apesar da promessa do novo presidente de que, aqueles que comprovarem que trabalham, poderão voltar às suas posições na Casa.

Ontem, Coronel acrescentou mais algumas iniciativas à lista de medidas que concebeu desde a época da campanha e executa cuidadosamente para marcar sua passagem pela Assembleia. Além de admitir que novos cortes serão feitos na área de pessoal, uma caixa preta de tempos imemorais na qual nenhum presidente que por ali passou ousou até agora mexer, anunciou a instalação do Colégio de Líderes e praticamente decretou o fim do conhecido “rolo compressor” com que, sob a justificativa da urgência, o governo muitas vezes aprova com celeridade suas matérias na Casa.

Como anunciou em coletiva ao lados dos líderes, a partir de agora a pauta de votação na Assembleia será decidida pelo conjunto das lideranças partidárias, as quais assumirão atribuições que nos últimos anos vinham sendo desempenhadas exclusivamente pelos líderes da Maioria e da Minoria, e nenhum projeto mais, qualquer que seja a sua origem, será aprovado de afogadilho, já que exigirá que cumpra seu rito de debates e transformações no âmbito das comissões e subcomissões, uma etapa que diz ter sido lamentavelmente suprimida até agora no Legislativo.

Sem dúvida, são medidas que, se não poderão retardar a apreciação de matérias do Executivo, com certeza também não as acelerarão na medida do que normalmente qualquer governo deseja. Em última instância, forçarão a articulação política de Rui Costa a estreitar seu relacionamento com o Legislativo, uma queixa de que era alvo, justiça se faça, na gestão de Marcelo Nilo, e também a planejar melhor todas aqueles iniciativas que envolvam a necessidade de aval dos parlamentares. Tudo em prol da democracia, como disse ontem Coronel, com um sorriso maroto, sob a aprovação dos colegas.

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