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A vez agora é de Alice, que tem chance de se transformar numa liderança de oposição na capital baiana 23 de junho de 2016 | 12:28

PT perde definitivamente protagonismo que já não exercia em SSA

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Qualquer que tenha sido a idéia dos dirigentes do PT, o resultado para o partido de não apresentar candidato próprio à sucessão municipal em Salvador é simplesmente vexatório. A justificativa da generosidade não combina com o petismo.

Há pelo menos dois anos, os petistas e toda a Bahia sabiam que a agremiação não tinha uma candidatura natural. Abalados por derrotas anteriores ao mesmo pleito, quando o PT estava na crista da onda, o deputado federal Nelson Pelegrino e o senador Walter Pinheiro proclamavam que não queriam mais repetir a dose.

O senador chegou a se desfiliar da agremiação para não ser pressionado a concorrer. Não se entende, portanto, porque a cúpula petista desconsiderou a situação, perdeu tanto tempo e não trabalhou um nome novo para concorrer em outubro.

Mesmo porque haviam pelo menos três interessados – Juca Ferreira, Gilmar Santiago e Valmir Assunção – em representar o partido na capital. A bem da verdade, o PT vive o pior momento de sua história. Ético e político.

Mas sua situação na Bahia é, pode-se dizer, diferenciada e privilegiada. Comanda o governo do Estado e não teve até agora nenhum quadro tragado pela temida Operação Lava Jato, o que não deixa de ser um trunfo.

Com o provável apoio à candidatura de Alice Portugal, do PCdoB, esta será a segunda vez em duas décadas que o PT não disputa a Prefeitura. Na primeira, em 1992, emprestou “apoio crítico” à candidata Lídice da Mata, que venceu o pleito pelo PSDB.

Mas os tempos eram outros e o partido não tinha ainda desfrutado de tanto poder nem experimentado tamanha riqueza material. Por que não aproveitar o momento crítico e voltar às origens e às bases e fazer uma campanha a la Zezéu Ribeiro, o eterno Zorro petista?

Impensável? Na verdade, quando renuncia à candidatura própria sem apresentar uma explicação plausível, o PT se apresenta como aquele velho burguês decadente, personagem de Tchekov, que alega que não trabalha porque não possui mais recursos.

Melhor para o PCdoB e sua candidata, que têm agora a chance de, aproveitando a anomia petista, transformarem-se num verdadeiro pólo de oposição à Prefeitura. Um protagonismo do qual, desde a eleição de ACM Neto (DEM), o PT inexplicavelmente abriu mão em Salvador.

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