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26 de março de 2015 | 07:27

Descolado da opinião pública, por Raul Monteiro

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Não é de espantar que um partido que se descolou completamente da opinião pública como o PT tenha deixado o governo de Dilma Rousseff (PT) se tornar um refém absolutamente submisso do aliado PMDB, o maior player político do momento, que aprofunda na medida da administração de seu desejo insaciável as dificuldades da presidente. Os petistas não conseguiram até hoje definir o que fazer com seu tesoureiro. João Vaccari Neto é acusado de ser um das peças fundamentais da engrenagem que depenou a Petrobras. Até o Supremo Tribunal Federal (STF) já promoveu uma representação contra ele em decorrência da Operação Lava Jato, que apura desvios na estatal.

Só quem não consegue tomar providências ou uma postura digna em relação ao tesoureiro que agoniza em praça pública, sangrando o governo e o PT, é o partido e a própria Dilma. O caso Vaccari é a maior demonstração do quanto 12 anos de poder viraram completamente a cabeça do partido que, em dado momento, monopolizou a bandeira da ética na política e conseguiu, por algum tempo, sobressair-se em relação aos demais fazendo uma verdadeira profissão de fé nos valores que a sociedade brasileira ansiava em ver em seus representantes, como a moralidade e a probidade na gestão da coisa pública. Pelo visto, tudo da boca para fora.

Como os princípios petistas, se é que alguma vez efetivamente existiram, passaram por uma transformação radical! Na Bahia, por exemplo, por ocasião da eclosão do mensalão, não faltou quem rapidamente condenasse companheiros suspeitos de envolvimento naquele esquema que está sendo considerado hoje um caso para o juizado de pequenas causas se comparado à complexidade com que opera a organização criminosa que assaltou a maior empresa brasileira e continua tendo suas articulações descobertas nas apurações do Petrolão como se fosse uma fonte perene de todo tipo de maracutaia.

O PT e a presidente se desencaminharam de tal forma que, além de espalhar seu pacote de maldades contra a população travestido de ajuste fiscal, caso exemplar da Medida Provisória recentemente enviada ao Congresso reduzindo ao mínimo o reajuste dos aposentados, uma classe que não tem mais forças para ir às ruas unir-se aos protestos contra a incompetência do governo, assistem calados às investidas do PMDB destinadas a constrangê-los e roubar o protagonismo que o petismo exerceu no passado na defesa dos interesses da sociedade. Quem agora exige que o governo reduza seu exorbitante número de ministérios?

E o infindável número de cargos comissionados que custam uma fortuna aos cofres públicos e alimentam o exército petista que aparelha sem pudor a máquina estatal? Algum petista de bom senso, preocupado com a importância de enfrentar com austeridade a crise econômica provocada pelos desatinos gerenciais da presidente? Claro que não! Quem empunha a bandeira de que o governo precisa cortar na própria carne para so depois exigir mais sacrifícios da população ja sofrida é o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), dois peemedebistas investigados na Lava Jato. Afinal, que país é este?

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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