Foto: Divulgação/Arquivo
Manuel Ribeiro, secretário de Desenvolvimento Urbano 03 de dezembro de 2014 | 12:20

Por que não abre seu sigilo, secretário?

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Aposta na paranóia pura e simples ou mesmo no diversionismo o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Manuel Ribeiro Filho, no momento em que resolve atribuir as informações de que teria participado de negociações com figuras hoje presas ou investigadas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para a implantação do Estaleiro do Paraguassu, no Recôncavo Baiano, quando era executivo da OAS, empresa que tem vários de seus quadros, inclusive seu presidente, sob investigação, a uma “campanha desfechada” contra ele na imprensa baiana, em especial em sites e blogs.

Em nenhum momento, Ribeiro Filho foi acusado de desonestidade. O que o noticiário tornou público, sem antecipar-se em ilações, por meio de informações vazadas por setores do próprio PT, foi o suposto envolvimento do secretário nas articulações pela implantação de um empreendimento importante para a Bahia, na qual ele teria tomado parte como representante da OAS, no passado, junto com a UTC, a Odebrecht e o até então obscuro gerente da Petrobras Pedro Barusco, que ganhou fama ao se comprometer a devolver R$ 252 milhões ao erário, fruto de parte de desvios já comprovados na estatal.

Trata-se de notícia que o secretário tem todo o direito de negar, como fez, obtendo, inclusive, para sua manifestação, total acolhida por parte da imprensa, que apenas cumpre o papel de revelar conexões – pregressas ou atuais – de agentes públicos ainda mais num momento em que o país assiste verdadeiramente estarrecido à revelação da extensão da operação criminosa montada na principal empresa brasileira. Mesmo direito, aliás, que tem de continuar questionando a veracidade do que declara o secretário, principalmente pela virulência com que reage, atribuindo a origem das revelações ao fato de vir contrariando interesses.

Melhor seria que, neste momento, para não ficar o “disse pelo não disse”, o secretário identificasse nominalmente aqueles aos quais reputa o desejo de desestabilizá-lo, se estão no PT ou fora dele, se são desafetos antigos ou atuais, como ainda pudesse abrir mão de seu sigilo telefônico e eletrônico, formado pela gama de emails que deve ter utilizado na época em que era executivo da OAS, para comprovar o que diz. São recursos de transparência a que pode recorrer o homem público que sabe dever satisfações à imprensa livre e ao contribuinte, diferentemente de executivos que pensam dever prestar contas exclusivamente a seus chefes.

Raul Monteiro
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