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ACM Neto não quer deixar Geddel Vieira Lima pelo caminho 18 de setembro de 2014 | 07:58

O apelo de ACM Neto, por Raul Monteiro

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Um dos momentos apontados por oposicionistas como mais emocionantes no evento que o prefeito ACM Neto (DEM) promoveu na terça-feira passada para impulsionar a campanha de seus candidatos nestas eleições foi aquele em que, em discurso, ele recitou o slogan “Fora PT”. A expressão reverberou sala adentro onde os organizadores imaginam ter colocado mais de duas mil pessoas, entre as quais algumas das mais tradicionais expressões do carlismo, corrente política criada pelo avô ACM, fazendo com que o prefeito a repetisse com cada vez mais ênfase como se entoasse gostosamente um mantra.

Já era tarde quando Neto deixou o Hotel Fiesta, onde a reunião teve lugar, convencido de que alcançara seu objetivo: mobilizar seus amigos e apoiadores políticos para não arrefecerem a determinação nestes 15 dias que separam a campanha da eleição em torno da importância de defenderem com o máximo empenho os nomes de seus candidatos, especialmente da chapa majoritária encabeçada por Paulo Souto (DEM), que tem como candidato a senador o peemedebista Geddel Vieira Lima. Mas o que mais chamou a atenção de quem participou do encontro predominantemente democrata foi o aprofundamento do sentimento antipetista no evento.

Identificado como muito mais forte do que em outros encontros já realizados nesta campanha pelo DEM, o clima contra o PT foi, obviamente, aproveitado de forma muito hábil pelo prefeito, que manejou a reunião determinado a potencializá-lo. Democratas e tucanos, principais forças de oposição no Estado, dizem não saber ainda onde acaba o sentimento antipetista e começa o “antiwagnerista”, aquele que afirmam perceber ser dirigido especialmente contra o governador Jaques Wagner. Asseguram, entretanto, notá-lo de maneira cada vez mais expressiva tanto no interior quanto na capital.

No caso de Salvador, onde a liderança de Neto e a força da máquina da Prefeitura têm contribuído para dissolver focos de resistência petista, uma atenção especial é dirigida aos bairros periféricos, onde o partido do governador sempre desfrutou de uma posição privilegiada que começou a perder desde a campanha municipal do democrata, em 2012. A reunião do Fiesta serviu também para que Neto deixasse claro aos presentes que precisam trabalhar pela eleição da chapa majoritária como um todo, o que significa não deixar de lado Geddel.

Foi um recado claro no sentido de tentar desfazer resistências ao peemedebista, principalmente no chamado âmago carlista, decorrentes dos desentendimentos históricos entre o candidato e o ex-senador ACM. Embora no comando da campanha se comente que não há motivo para pânico, os números do último Ibope sobre o Senado registrando o crescimento do candidato do governo a senador, Otto Alencar (PSD), geraram perceptível nível de intranquilidade, principalmente porque é sabido que, na reta final do processo eleitoral, governistas têm chances de se projetarem ainda mais. E Neto acha que não se devem correr riscos neste campo.

* Artigo escrito originalmente na Tribuna da Bahia.

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