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Candidato à Presidência da República da Coligação Muda Brasil, Aécio Neves (PSDB) 21 de agosto de 2014 | 09:50

Por um amigo no Planalto, por Raul Monteiro

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A vinda de Aécio Neves a Salvador neste sábado sob o pretexto de lançar na Bahia seu programa de governo para o Nordeste dá uma pequena demonstração do grau de vinculação entre o presidenciável do PSDB e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O convite, de pronto aceito pelo tucano, para que a capital baiana se tornasse palco para o lançamento de suas propostas para uma região tradicionalmente esquecida por governantes de todos os rincões que já governaram o país, foi feito diretamente pelo democrata ao candidato a presidente.

Não é de agora e por causa da campanha presidencial que os dois estão tão próximos. A relação remonta à atuação de ambos, no campo da oposição, na Câmara dos Deputados, onde Neto militou como parlamentar do DEM pela Bahia e Aécio exerceu o mesmo ofício representando seu Estado natal, Minas Gerais, terra de seu avô Tancredo Neves, chegando à presidência daquele poder. Quando o democrata foi eleito prefeito de Salvador, em 2012, partiu de Aécio um dos telefonemas mais calorosos pela vitória de Neto na Bahia.

Não se tratava apenas da comemoração do sucesso político de um amigo, mas da demonstração de vitalidade de um partido que poderia se transformar num grande aliado seu na Bahia, exatamente como agora acontece. Por seu interesse direto na montagem de um palanque forte no Estado onde pudesse subir para defender suas propostas para o país, Aécio acompanhou, por intermédio de Neto e, na maioria das vezes sob a torcida fervorosa do prefeito, passo a passo o longo processo que resultou no convencimento de Paulo Souto a disputar o governo baiano pelo Democratas, fato que também soube celebrar.

Mas o toque mais pessoal impresso pelo prefeito na corrida de Aécio pela Presidência ocorreria mais recentemente, no momento em que despachou, para ajudar na montagem do programa de governo do tucano, Guilherme Bellintani, secretário municipal de Turismo e um dos colaboradores que passaram a mais se destacar em sua curta gestão. Apostar numa possível escolha de Bellintani para um eventual ministério tucano é colocar o carro na frente dos bois. Mais apropriado seria dizer que, na hipótese de vitória de Aécio, Neto deve ter espaço assegurado no governo federal.

De fato, o empenho que tem feito pela eleição de Souto ao governo Neto tem redobrado na tentativa de dar a Aécio uma boa votação, pelo menos na capital baiana. Mas não é em algum ministério que ele foca no momento. Com as pontes praticamente dinamitadas com o governo estadual, que se esforça para dar continuidade ao seu projeto pelas mãos do petista Rui Costa, Neto sabe como suas dificuldades aumentarão num cenário econômico depauperado se Dilma Rousseff (PT) se reeleger, motivo por que é melhor resguardar-se e a seus projetos futuros por meio de um amigo no Palácio do Planalto.

* Artigo publicado originalmente no Tribuna da Bahia

Raul Monteiro
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