Foto: Ramses Moura/Agecom
Marcelo Nova ia tocar no palco flutuante do Dique do Tororó 01 de abril de 2014 | 17:00

Marcelo Nova quebra mesmice de Festival da Cidade

exclusivas

O convite inicial foi para Marcelo Nova tocar no palco flutuante do Dique do Tororó, no domingo. Sem nenhuma justificativa, a produção do Festival da Cidade acabou programando o show dele para Cajazeiras, no sábado, à noite. A emenda saiu melhor do que o soneto. O show foi um sucesso.

Numa apoteótica apresentação, onde reverberava o tradicional brado de “bota pra f…”, gritado por mais de 10 mil pessoas que lotavam o Campo da Pronaica, Marceleza mostrou em uma hora e meia que Salvador não se reduz apenas a axé, pagode e arrocha. O velho rock and roll ainda resiste pelos cantos da cidade.

Depois de Raul Seixas nos anos 1960, com Os Panteras, foi Marcelo Nova quem reacendeu a chama do rock na velha Cidade da Bahia. No final dos 1970, ele apresentava o lendário Rock Special, na Aratu FM. O programa introduziu toda uma geração na onda punk que se espraiava pelo mundo.

Com o sucesso do Rock Special, Marcelo partiu para a formação do Camisa de Vênus e conquistou o país com a banda mais representativa do verdadeiro espírito do rock and roll nos anos 1980. Depois, o encontro com Raul Seixas resultou numa turnê de mais de 50 shows e a gravação de A Panela do Diabo, o melhor disco de rock gravado no Brasil.

Marcelo continua a sua odisseia rocker pelas estradas brasileiras. Aos 62 anos, a verve se mantém afiada e a criatividade efervescente. Recentemente lançou “12 Fêmeas”, eleito o melhor disco de 2013 em votação aberta pelo portal UOL. Dele cantou algumas canções no show de Cajazeiras e teve a resposta do público cantando com ele.

Quem apareceu no Campo da Pronaica pôde conferir a emoção entusiástica do público a cada canção e ver camisas ilustradas com imagens do ídolo confeccionadas pelos próprios fãs. O pujante recado de que, seja na periferia ou no centro, a população de Salvador quer mudanças culturais também.

Já não cabe mais a visão retrógrada e mesquinha daqueles que ainda se sentem ameaçados pela independência e sinceridade inteligente de artistas como Marcelo Nova. Ao convidar o velho roqueiro para o Festival da Cidade, o prefeito ACM Neto botou pra f… Que continue assim.

Pacheco Maia
Comentários