11 de novembro de 2012 | 12:04

Brasil, um país deseducado

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Não vamos manchar esta página dominical com fatos que estão acontecendo a cem metros, ou dois mil quilômetros de nós, gourmets, espectadores, leitores, cidadãos ou apenas consumidores em geral, de tudo um pouco. São horripilantes. E explicitam a barbárie instalada no Brasil com a violência que Humanos, normalmente predadores e sanguinários, impõem quando têm o poder sem educação e sem controle social. As notícias de violências que se multiplicam, banais, em todos os lugares do Brasil, Salvador e noutros municípios da Bahia, São Paulo e seus interiores, Rio de Janeiro ou Manaus, expostas, como as criações musicais, são sequelas da deseducação que a última ditadura impôs ao País, para protegê-Io do comunismo. As ditaduras, como se sabe, sempre protegem interesses particulares. E o extermínio da escola pública e a privatização da educação nos Anos 1970 serviram à barbárie contemporânea.

Paralela ao seu avanço, combatida com ingenuidade, investiga-se a morte, noticiada até então como acidental, do educador baiano Anísio Teixeira, criador de um modelo impecável de Educação, implantado inicialmente na Bahia, na Escola Parque, e perdido. Aplicado por Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro, sem notícias de continuidade. E, de vida atual nos CEUs de São Paulo, com depoimentos emocionados de Fernanda Montenegro e Elias Andreato.

O autoritarismo é inimigo da Humanidade e, para manter o Poder, ataca os modelos que podem construí-Io, ampliando o conhecimento, mas, quando os ataca, fomenta a barbárie que é sempre incontrolável. E a que está instalada no Brasil, que avança combatida com mais armamento, que o tráfico pode adquirir com menos burocracia, e mais contingente, que o tráfico pode conquistar, pagando melhor, e com quase o mesmo nivel de periculosidade, só pode ser enfrentada com a educação exemplar que Anísio Teixeira modelou e que precisa voltar a frequentar as salas de aula de Salvador, da Bahia e do Brasil. Porque é óbvio, claro e transparente que todos os modelos que a ditadura combateu devem ser resgatados para a construção da democracia.

* Aninha Franco escreve aos domingos na revista Muito (A Tarde).

Aninha Franco, Muito / A Tarde*
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