Foto: Manu Dias/Secom
Jaques Wagner 20 de setembro de 2012 | 09:47

Por que Wagner convida Geddel para o palanque de Pelegrino?

salvador

Todos sabem, inclusive em Brasília, que o rompimento político entre o governador Jaques Wagner (PT) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, principal liderança do PMDB na Bahia, mais pelo estilo do segundo, roçou o campo pessoal.

Se não se largaram sob ódio, chegaram muito próximo disso. O jeito sanguíneo de Geddel com a fleuma de Wagner, lenta no atendimento das exigências peemedebistas, se mostraram na política longe de serem complementares.

E por este motivo, durante muito tempo depois que se afastaram, no finalzinho do primeiro mandato de Wagner no governo do Estado, não era incomum que, em privado, em oportunidades que surgissem, os dois se condenassem mutuamente, em alguns casos, de um dos lados, com termos impublicáveis.

Então, por que Wagner admite agora chamar Geddel para o palanque do candidato do PT a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino? Será que passou uma borracha no que os dois viveram juntos até se afastarem definitivamente sob o desfecho de um enfrentamento eleitoral?

O que justifica a “magnânima” atitude do governador se seus correligionários – e ele próprio – consideram Geddel um “peso morto” na sucessão de Salvador, enxergando apenas no candidato do seu partido, o radialista Mário Kertész, a propriedade integral de alguma ajuda eleitoral que pode ser dada a Pelegrino no segundo turno?

É simples: com sua postura “amigável”, Wagner quer mostrar à presidente Dilma Rousseff que não representa qualquer empecilho para o relacionamento entre o seu governo e o PMDB nacional.

Todos sabem que foi Wagner que pediu a Lula para que Dilma gravasse uma mensagem de apoio a Nelson Pelegrino. Assim como todos sabem que por este motivo Geddel se irritou e ameaçou levar o PMDB a apoiar ainda no primeiro turno o prefeiturável do DEM, ACM Neto.

Geddel está escaldado com a repetição da história. Em 2010, Lula e a presidente baixaram na Bahia para prestigiar exclusivamente o palanque do companheiro Wagner, com quem ele disputou e perdeu o governo depois do rompimento.

Em outras palavras, Wagner marca posição como um grande conciliador ante um reconhecido esforço que Dilma fez sob algum risco político para a sua relação com um parceiro estratégico como o PMDB.

Deve ser por este motivo que Geddel não responde afirmativamente ao convite de aproximação do governador. O problema, na visão dos amigos de Wagner, é a forma como o peemedebista reage.

“Tenho irritação e medo com duas coisas: irritação com o governo fraquíssimo que ele (Wagner) faz no Estado e medo com a possibilidade de o PT repetir o desempenho pífio na Prefeitura de Salvador”, retruca em público um peemedebista malcriado a um Wagner publicamente meigo até, generoso…

Enfim, são mais uma vez dois conhecidos personagens atuando como convém a cada qual no palco da política.

Raul Monteiro
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