13 de abril de 2010 | 19:10

EXCLUSIVO: Medo de aliança do PMDB com PR leva Maria Luíza a desistir de eleição, sepultando “projeto maridão”

Primeira-dama teria visto suas chances de eleição minguarem definitivamente com aliança com o PR (crédito: Divulgação)

A decisão da deputada estadual Maria Luíza, primeira-dama de Salvador, de desistir de concorrer às eleições de outubro é o primeiro resultado negativo até agora, no grupo do candidato a governador Geddel Vieira Lima (PMDB), da aliança que ele celebrou no domingo com o PR do senador César Borges e garantiu outro status ao seu projeto de ocupar o Palácio de Ondina.

Desde que a aliança foi anunciada, no domingo, o prefeito João Henrique (PMDB) quedara-se em preocupações quanto ao futuro da mulher, que decidira, no ano passado, mudar o plano de disputar a reeleição para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, atendendo a sugestão do núcleo duro peemedebista, formado pelo próprio Geddel e seu irmão, Lúcio Vieira Lima.

Na semana anterior ao anúncio, o prefeito passara a trabalhar com a informação de que,  se integrasse a coligação encabeçada pelo PMDB, o PR acabaria por liquidar as chances de eleição da primeira-dama, que já vinha enfrentando dificuldades na disputa com a composição até então existente, a qual envolvia apenas o partido de João Henrique, o PSC e o PTB do grupo dos ex-deputados Benito Gama e Jonival Lucas.

O temor de que Maria Luíza perdesse a eleição no contexto anterior ao ingresso do PR na aliança já levara o prefeito a tomar medidas radicais, como, por exemplo, a de exonerar, numa canetada só, os secretários Sérgio Brito, Toni Brito, filho do vice-prefeito e candidato a deputado federal, e Almir Melo, candidato a deputado estadual que dobra com Lúcio para a Câmara dos Deputados.

Na área municipal, à decisão seguiu-se à informação de que o plano de João Henrique era, além de atingir Toni, considerado então o maior concorrente da primeira-dama por sua forte militância na área de saúde, fortalecer o apoio a Maria Luíza na máquina municipal, motivo porque o ex-presidente da Desal, Euvaldo Jorge, foi deslocado, no mesmo movimento, para substituir Almir Melo na secretaria municipal de Transportes.

Amigo do casal, Euvaldo Jorge era considerado, à boca pequena, na administração municipal, o principal cabo eleitoral da primeira-dama no governo. Em seguida às medidas “administrativas” de João Henrique, Maria Luíza foi vista, principalmente na Assembleia, dirigindo críticas ao então ministro Geddel Vieira Lima nos mesmos termos do discurso que fez hoje na Casa.

Sua irritação com o peemedebista chegara ao nível da explosão hoje em plenário porque ela passou a considerar que a aliança com o PR fora também uma resposta do líder do PMDB à sua postura declaradamente beligerante contra ele. A obsessão do casal em remover virtuais obstáculos à eleição da parlamentar, demonstrado no episódio de antecipação da exoneração dos três secretários, acabou ganhando o apelido de “projeto maridão”.

O termo foi publicado em primeira mão por este Política Livre e repetido à exaustão pelo radialista Mário Kertész, da Rádio Metrópole, primeiro dono de veículo de comunicação a quem o prefeito procurou hoje para desvincular-se da decisão da mulher e de suas críticas a Geddel, sobre o qual disse que continuará tendo o seu apoio no projeto de eleger-se a governador.

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