10 de dezembro de 2009 | 12:48

TJ: Eleição de Telma Brito pode minimizar hostilidades do CNJ a desembargadores baianos

Pelo perfil de magistrada séria e firme, Telma seria encarada como uma espécie de anteparo às futuras investidas do CNJ (crédito: Arquivo)

Pelo perfil de magistrada séria e firme, Telma seria encarada como uma espécie de anteparo às futuras investidas do CNJ (crédito: Arquivo)

O Tribunal de Justiça do Estado realiza amanhã a eleição para a renovação de seu comando – serão disputados os cargos de presidente, vice e corregedor – sob a marca de uma profunda pressão externa, exercida principalmente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para que altere radicalmente procedimentos internos capazes de melhorar sua imagem pública, ganhar agilidade e positivar o atendimento à sociedade.

Com uma gestão marcada pela eclosão de escândalos como o da denúncia de vendas de sentenças, trazida a público pela Operação Janus, da polícia baiana, que atingiu diretamente um desembargador, e casos pitorescos, como o da compra de tapetes persas para decorar um salão, a atual presidente, Sylvia Zarif, passou a enfrentar nos últimos dias mais dificuldades para emplacar o sucessor.

A situação aumenta significativamente as chances de eleição da desembargadora Telma Brito, muito próxima do grupo liderado pelo ex-presidente do TJ, Carlos Alberto Dultra Cintra, cuja ascendência sobre os colegas de Corte, entretanto, sofreu alguns reveses nos últimos meses, transformando a atual sucessão do Tribunal num jogo de apostas muito menos previsível do que as disputas anteriores.

Com uma adversária considerada forte sob o ponto de vista do conceito de idoneidade que goza entre os colegas, a desembargadora Lícia Laranjeira, Telma, cuja candidatura chegou a claudicar em determinados momentos, viu suas chances aumentarem de maneira quase inesperada nos últimos dias, depois que passaram a circular no órgão informações sobre novas investidas do CNJ contra o Tribunal baiano, programadas para os próximo meses.

Considerada uma figura extremamente rigorosa, razão para que tivesse angariado alguns desafetos ao longo de sua trajetória como desembargadora que poderiam agora ameaçar seu projeto de poder, Telma estaria sendo encarada, entretanto, exatamente pelo perfil que desagradaria a alguns colegas, como a única alternativa para minimizar a forte hostilidade que o CNJ passou a devotar ao TJ.

“Telma Brito pode ser até menos querida do que Lícia Laranjeira no Tribunal, mas, pelo seu nível de articulação nacional e a imagem de mulher extremamente forte, determinada e séria, passou a ser encarada como uma espécie de salvaguarda do TJ contra a postura acintosamente hostil do CNJ aos desembargadores baianos”, diz um magistrado independente em entrevista exclusiva ao Política Livre.

Nesse ponto, ele pára e faz referência a inúmeros fatos que comprovariam a avaliação, que diz ser comum à Corte, de que o órgão de controle externo da Justiça brasileira estaria determinado a transformar o Judiciário baiano numa espécie de bode expiatório de todos os problemas que considera comuns à Justiça no País, fato que seria confirmado por  informações sobre novas operações previstas no CNJ contra o TJ baiano.

Embora revelando-se autônomo no TJ, mas com reconhecido livre trânsito entre os grupos de Cintra e de Sylvia Zarif – inclinada pela candidatura de Lícia -, a mesma fonte diz ver inúmeros sinais de que, apesar de originária do grupo do ex-presidente do TJ, Telma teria construído um relativo nível de independência com relação a ele, apesar da amizade que permanece os unindo.

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