25 de novembro de 2009 | 09:56

Wagner vai deixar os Carletto comandando o Detran?

O governo usa a prisão do irmão do deputado estadual governista Ronaldo Carletto (PP), Paulo Carletto, empresário do ramo de transportes, no esforço de provar que a Operação Expresso, que prendeu ontem, entre outros, o diretor-geral da Agerba, Lomanto Neto, indicado pelo PMDB, foi isenta, não teve motivação política.

Dada a dimensão política de Lomanto, isto é, seu envolvimento com o PMDB, e referências que começam a aparecer nas investigações ao presidente do partido, Lúcio Vieira Lima, e ao sobrinho do ex-diretor da Agerba, o deputado Leur Lomanto Jr., além de outros fatos, como o momento em que a operação policial foi deflagrada, quatro meses depois do rompimento com o partido, o argumento tende, naturalmente, a esmaecer-se.

Mas ainda que a operação Expresso tenha sido conduzida com a imparcialidade dos Deuses que o governo alega, o governador Jaques Wagner não pode eximir-se de adotar uma postura, pelo menos de cautela, com relação aos Carletto.

Afinal, o deputado Ronaldo Carletto, que é irmão do empresário e, segundo se comenta, seu sócio, é o responsável pela comando do Detran, o Departamento Estadual de Trânsito, situação que gera estranheza desde o princípio, dada exatamente a vinculação do parlamentar e de sua família com o setor a que o órgão caberia fiscalizar.

Se o governador fez vistas grossas sobre o conflito de origem envolvendo os Carletto, no momento em que concedeu-lhes o espaço, não pode mais proceder com a mesma isenção que avoca para si agora na condução da Operação Expresso, a cargo, é verdade, da Justiça e do MP, mas cujas provas estão sendo produzidas – é bom que se frise – por uma polícia que ele pessoalmente comanda através de seu secretário estadual de Segurança Pública.

Neste episódio, apesar de nada ainda ter sido provado contra o deputado e seu irmão na Operação Expresso, está na hora de Wagner agir e afastar os Carletto de qualquer ingerência em órgãos envolvidos com a área de transportes no Estado, pelo menos até a conclusão das investigações, que espera-se, de forma honesta, apure mais esse escândalo e isente ou condene quem merece ser responsabilizado.

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