27 abril 2024
O estica-me-larga travado pela Prefeitura com o governo do Estado por causa do decreto do estado de emergência em Salvador marcou definitivamente a aliança pré-eleitoral do prefeito João Henrique (PMDB) com o deputado federal ACM Neto (DEM) com vistas a 2010.
Desde que o prefeito fez o pedido de emergência à Coordenação Civil do Estado (Cordec), há cerca de duas semanas, quando foram registradas as primeiras chuvas fortes na cidade, o DEM e seu “coligado” PTN, articulados por ACM Neto, defendem João Henrique e atacam o governo.
Ontem, no plenário da Câmara, o deputado federal assumiu pessoalmente a defesa do prefeito e voltou a criticar o governador Jaques Wagner, que já havia sido alvo de seus ataques também em discurso, na semana passada, quando incitou o PMDB a deixar o governo.
“Já tem duas semanas que a Prefeitura pediu a emergência e só depois que a situação piorou, que a cidade se transformou no caos, é que o governador Jaques Wagner (PT) decide pegar o seu luxuoso helicóptero para sobrevoar a nossa capital”, discursou o democrata.
Com sua determinação em defender João Henrique, ACM Neto colocou para trás na fila dos “protetores” do prefeito até o espirituoso presidente do PMDB baiano, Lúcio Vieira Lima, que se credenciou como defensor mais constante e hábil da administração municipal.
Por trás da oportunidade trazida pelo conflito com o governo para o avanço da condição do deputado como aliado de primeira hora do prefeito, estaria o plano de colocar definitivamente João Henrique na chapa das oposições ao governo do Estado em 2010.
ACM Neto sabe desde agora que são praticamente inexistentes as chances de o prefeito apoiar a reeleição do governador Jaques Wagner (PT), como já teria sido informado de que o comandante de Salvador tem horror à idéia de ficar sem mandato a partir de 2012.
Trata-se do ano em que termina sua gestão na Prefeitura. Por este motivo, o democrata trabalharia no sentido de aproximar-se cada vez mais dele e criar as condições para assegurar-lhe uma vaga ao Senado na chapa com que Paulo Souto (DEM) pretende concorrer ao governo liderando as oposições.
O problema é que muita gente ligada a João Henrique considera que o Senado seria muito pouco para os riscos envolvidos numa eventual decisão sua de renunciar à Prefeitura, deixando o comando da terceira capital do País na mão do vice, o tributarista Edvaldo Brito, do PTB.
Este teria sido o motivo porque o prefeito andou sondando o PSDB e o PDT para um casual ingresso na hipótese de sua crescente relação com o DEM e as circunstâncias favorecerem um deslocamento na chapa oposicionista que lhe permitisse sair candidato ao governo, jogando Souto ao Senado.
A mudança seria necessária, porque no PMDB qualquer uma das candidaturas – ao Senado ou ao governo – serão definidas pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). O ministro pode ser candidato ao Senado na chapa de Wagner ou disputar o governo se obtiver o apoio de Paulo Souto, o que dizem ser seu maior desejo.