João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Educação não rima com atraso

Aproveitemos a divulgação do Ideb para reiterar a denúncia da tragédia nacional. Isto é, a falta de educação para todos, com o máximo de qualidade até o Ensino médio.

Atualmente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é um dos principais instrumentos para diagnóstico da educação, pois permite realizar um mapeamento detalhado da educação brasileira, apresentando dados por escola, município e estado, além de identificar quem mais precisa de investimentos e, claro, cobrar resultados.

Os números mostram que avançamos muito pouco mas ainda há tempo para revertermos a situação. A idéia é deixar essa geração melhor preparada para os enfrentamentos diários da vida e do mercado de trabalho cada vez mais exigentes.

Um dado que me chama atenção quando falamos de educação no Brasil é a ausência de 66% das crianças com até seis anos de idade da creche ou da escola. Ora, os investimentos precisam atingir, de cheio, os alunos que estão iniciando sua vida escolar. É daí que vem a formação, a percepção de mundo, a vocação. No Brasil, notamos que a exclusão acontece ao longo da educação de base. Aqui, se cuida primeiro do topo, para depois, algum dia, se cuidar da base da pirâmide social. Diferente de países onde todos terminam o Ensino Médio, mas enfrentam um processo de seleção rigoroso onde sobram apenas aqueles que saltarão para o Ensino Superior.

Por aqui, 50,2% dos brasileiros não concluíram o Ensino Fundamental, e apenas 34% concluíram o Ensino Médio. Entre os adolescentes mais pobres entre 15 e 17 anos, 20% já deixaram a escola. A proporção cai para 7% entre os adolescentes de classe social elevada.

A realidade brasileira motiva a nós educadores sob a perspectiva do desafio. Não podemos tapar o sol com a peneira ou deixar de enxergar números que já fazem a diferença em nosso país. Temos que pensar estratégias capazes de modificar o panorama.

São 36 milhões de brasileiros (19% do total da população) com incapacidade para ler ou escrever, apesar de terem sido formalmente alfabetizados. Nosso papel se insere com força aqui, – como todos esses adultos passaram pela escola e saíram analfabetos? Onde está nosso erro coletivo? A base é a essência, independente da idade, mas os primeiros passos na escola são decisivos para atingirmos os objetivos e os alunos conseguirem ultrapassar a linha da alfabetização.

Para mudar essa situação, é preciso uma revolução na educação. Em Salvador, estamos preparando as bases para isso.

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