Urnas abrem no Chile com voto obrigatório para escolher sucessor de Boric
Por Douglas Gavras, Folhapress
16/11/2025 às 08:32
Foto: Divulgação/Arquivo
Às 8h da manhã deste domingo (16) os chilenos começaram a decidir o futuro político do país, com as eleições presidenciais e legistivas. Caso as pesquisas eleitorais estejam corretas, quatro deles são considerados competitivos: Jeannette Jara, José Antonio Kast, Evelyn Matthei e Johannes Kaiser.
A votação já começou no exterior, com os primeiros votos nas autoridades consulares na Oceania, e os resultados preliminares devem ser divulgados a partir das 20h, segundo a autoridade eleitoral.
Esta é a primeira eleição geral com voto obrigatório no país desde a reinstauração dessa medida em 2022, que pode aumentar a participação cidadã com mais de 15,7 milhões de pessoas elegíveis para votar.
Jeannette Jara, do Partido Social Democrático, é uma administradora pública e advogada de 51 anos, que já foi ministra do Trabalho do atual presidente, Gabriel Boric, e comandou o projeto de redução da jornada de trabalho no país. Ela também ajudou a aumentar a Pensão Universal Garantida e ganhou as primárias para representar a coalizão de esquerda "Unidade pelo Chile".
José Antonio Kast, 59, é advogado e fundador do Partido Republicano. Ele já concorreu à Presidência em 2017 e 2021, obtendo significativa votação, especialmente no último, quando foi derrotado por Gabriel Boric no segundo turno. Kast tem uma longa trajetória política como membro da UDI (União Democrática Independente) e atuou como vereador e deputado, é de ultradireita.
Evelyn Matthei, representante da centro-direita e economista de 72 anos, é membro da UDI. Ela já ocupou cargos importantes, como ministra do Trabalho de Sebastián Piñera e prefeita de Providencia. Matthei ficou conhecida nacionalmente ao concorrer em uma eleição contra Michelle Bachelet em 2013.
Johannes Kaiser, 49, é um deputado e, assim como Kast, representante da ultradireita. Ele ajudou a fundar o Partido Nacional Libertário em 2024 e é conhecido por sua presença no YouTube, onde compartilha opiniões polêmicas sobre política. Seu irmão, Axel Kaiser, é um economista associado a ideias libertárias e ambos dizem se identificar com o presidente da Argentina, Javier Milei.
Os levantamentos divulgados até o início de novembro davam Jara liderando o primeiro turno, seguida por Kast. Os institutos de pesquisa dão como certo um segundo turno entre os dois, previsto para ocorrer em 14 de dezembro. Em um segundo confronto, Kast levaria vantagem ao aglutinar os votos dos concorrentes de direita.
Os chilenos viveram uma campanha pautada pelo medo do aumento da violência e da ação do crime organizado em um país com indicadores de segurança melhores que o restante da região. Enquanto a esquerda decidiu testar seus nomes em primárias das quais Jara saiu vitoriosa, a oposição não conseguiu chegar a um acordo e lançou três candidatos que disputam um eleitor parecido.
As eleições terão um papel crucial na medição das forças entre as forças políticas do país, após quatro anos de Boric no poder (o atual presidente não pode concorrer a um segundo mandato consecutivo).
Desde os protestos de 2019, os chilenos passaram por diferentes processos eleitorais e consultas, o que gerou certa saturação e descontentamento eleitoral. "No entanto, o voto obrigatório pode modificar a dinâmica tradicional e aumentar a volatilidade", segundo análise da consultoria Directorio Legislativo.
Além do próximo presidente, vão ser renovados todos os 155 assentos na Câmara dos Deputados e 23 dos 50 senadores. A expectativa é de um bom resultado para as coalizões de direita Chile Grande e Unido e Mudança pelo Chile, que poderiam alcançar a maioria na Câmara para aprovar leis com quórum simples. No Senado, a direita também poderia ter maioria.
