Foto: Emerson Nunes
Senador Walter Pinheiro (PT) 25 de janeiro de 2016 | 07:31

Rui ainda aposta em Pinheiro para Salvador, por Raul Monteiro

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A entrada em 2016 aumentou no governo do Estado a determinação de ajudar o PT e partidos aliados a derrotarem o prefeito ACM Neto nas eleições de 2016. As conversas sobre a sucessão municipal em Salvador antes realizadas sob clima ameno e até descontraído assumiram caráter mais sério e sistemático, lastreadas em análises estratégicas e números sobre a real possibilidade de as oposições assumirem o poder na capital baiana. Os constantes desentendimentos entre o prefeito e Rui Costa (PT) deram gás para os petistas e o time que cerca o governador apostarem num confronto de vida ou morte com Neto em outubro.

Embora continue jogando com a estratégia de que um número maior de candidatos de oposição pode levar a disputa para o segundo turno e pressionar por uma derrota de ACM Neto, a articulação política do governador tem deixado escapar, no entanto, seu desejo de que o PT, seu partido, apresente um candidato sólido para o embate com as forças do prefeito. O nome dos sonhos de Rui continua sendo o do senador Walter Pinheiro, em quem, inclusive, alguns petistas começam a ver relativa diminuição da resistência aos apelos para que enfrente o debate com Neto sobre os rumos da cidade para os próximos quatro anos.

Pudera: nas conversas ocorridas até agora para discutir a hipótese de que Pinheiro concorra, o governador tem deixado em aberto até a legenda por onde ele pode fazer a disputa. Caso não queira continuar no PT, o senador poderia, por exemplo, ir para, nesta ordem, o PDT, que em Salvador é hoje aliado de ACM Neto, para o PSB da senadora Lídice da Mata ou mesmo para o PSD do senador Otto Alencar. Em setores da articulação política de Rui, se diz que o PDT seria a melhor opção, exatamente para evitar que o partido continue na mão de Félix Mendonça Jr. e ajude a sustentar a candidatura do atual prefeito.

O foco da resistência de Pinheiro também teria se deslocado. O senador, que chegou a condicionar qualquer discussão sobre uma eventual chapa à Prefeitura a garantias de que poderia concorrer à reeleição ao Senado ao lado de Rui, em 2018, teria deixado a exigência de lado, depois de ouvir do próprio governador uma avaliação de que seu foco hoje é a sucessão municipal e não uma batalha que será travada daqui a três anos. Hoje, a maior preocupação de Pinheiro seria o fato de o próprio governo ter estimulado a existência de várias candidaturas à sucessão municipal.

Por não ser um aventureiro, já ter, inclusive, disputado a Prefeitura de Salvador uma vez e ser figura a quem se atribui boa consistência política, é natural que Pinheiro não se sinta à vontade para entrar numa corrida sucessória com concorrentes, inclusive em seu campo político, preferindo antes que todas as fichas sejam apostadas em sua candidatura. Como não dá mais para voltar atrás na estratégia – haja vista a decisão do PCdoB de lançar a deputada federal Alice Portugal à Prefeitura mesmo sem o apoio do PT – articuladores de Rui julgam que um apoio diferenciado do governo a Pinheiro só depende dele mesmo costurar.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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