03 de fevereiro de 2011 | 16:41

Na disputa com Yulo, J. Carlos chegou a ser ameaçado de expulsão do PT

No momento mais tenso da reunião em que a bancada estadual do PT decidiu no voto, na última terça-feira, que o candidato à primeira-secretaria da mesa diretora da Assembleia Legislativa seria o deputado estadual Yulo Oiticica e não mais J. Carlos, o parlamentar preterido teria trocado ameaças com o então líder petista na Casa, Paulo Rangel.

Quando os votos foram apurados, confirmando a indicação de Yulo em detrimento dele, J. Carlos avisou que lançaria em plenário sua candidatura avulsa à primeira-secretaria. Em resposta, Paulo Rangel lembrou que a indisciplina partidária poderia ser punida até com a expulsão. J. Carlos não retrucou, saiu da reunião e procurou os líderes partidários.

Queria saber se teria apoio suficiente para enfrentar o colega de partido no dia seguinte. Ouviu de volta da maioria deles manifestações explícitas de incentivo que, pelos seus cálculos, poderiam resultar em cerca de 50 votos, número suficiente para emplacar o cargo na mesa diretora e impor uma derrota fragorosa a Yulo em plenário.

Ontem, J. Carlos foi um dos primeiros parlamentares a chegar à tarde à Assembleia, antes da sessão em que os parlamentares seriam empossados e, em seguida, eleita a mesa diretora. Mandou sua assessoria preparar um pedido de inscrição por escrito sucinto e formal de sua candidatura.

Enquanto isso, a turma do deixa disso procurou Yulo, avisando-o do risco que corria se enfrentasse o petista no voto. Aos poucos, ele acabou entendendo que seria batido não pelo que é, enquanto parlamentar e figura política, mas pela antipatia que grande parte da Casa devota ao PT.

A disputa seria uma oportunidade imperdível para que o partido do governador, a quem sua repentina candidatura ficou vinculada, recebesse uma lição e tanta no Legislativo. No momento seguinte à posse dos deputados, quando as bancadas se preparavam para conduzir a votação, Yulo pegou o microfone e anunciou que não mais concorreria, reindicando o colega para o cargo.

Minutos depois, J. Carlos descartaria o envelope que portou desde o momento em que chegou ao plenário, o qual continha o pedido de inscrição de sua candidatura. O gesto não passaria despercebido pelo petista Rangel.

“É um gesto a ser seguido por aqueles que ainda não respeitam a democracia”, disse o então líder petista, ao discursar em plenário, elogiando a decisão de Yulo de evitar levar a disputa às últimas consequências. Na mesma sessão, o PT elegeu, à unanimidade, Yulo à liderança do partido na Assembleia. (Raul Monteiro)

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