Maurício Bacelar

Engenharia

Maurício Bacelar é engenheiro civil e foi diretor-geral do Detran (2015). Ele também foi secretário de Obras da Prefeitura de Dias 'Ávila (1986), diretor do Copec (1987) e secretário de Infraestrutura da Prefeitura de Camaçari (2002). Ele escreve uma coluna semanal no Política Livre às segunda-feiras.

- Engenheiro Civil - 1985
- Secretário de Obras da Prefeitura Municipal de Dias D'Ávila - 1986
- Diretor do Copec - Complexo Petroquímico de Camaçari - 1987
- Secretário de Infraestrutura da Prefeitura Municipal de Camaçari - 2002
- Diretor Geral do Detran-Ba - 2015

Os caminhoneiros e o trânsito

A greve dos caminhoneiros pautou toda a imprensa do país e não poderia ser diferente pela importância dos caminhões e das rodovias. O transporte rodoviário é o principal modal de movimentação brasileiro, tanto para locomover produtos, quanto pessoas.

A paralisação provocou debates acalorados, falou-se do prejuízo na indústria, no agronegócio, no comércio, no turismo, enfim em todos os setores da economia nacional. Tratou-se do desabastecimento nas cidades, do atendimento nos hospitais, colapso no transporte urbano e nos serviços públicos, fechamento de repartições públicas, locaute, questões políticas e, até, de intervenção militar.

O governo parou para ouvir os caminhoneiros, editou edição extra do diário oficial, o congresso nacional votou, a toque de caixa, matéria de interesse da categoria. Num país com orçamento deficitário, fala-se em onerá-lo em mais R$9,5 bilhões, tudo isto para atender as exigências da categoria.

Com o movimento, tratou-se de diversos temas, só não foi ventilada a questão do trânsito. Nem na pauta dos grevistas foi tratada. Não se tratou da segurança viária, das longas jornadas de trabalho, do exame toxicológico, entre tantas outras questões.

Observe que os caminhões e os caminhoneiros estão entre os principais atores do trânsito. Um trânsito que mata, aproximadamente, 40.000 brasileiros por ano e sequela mais de 250.000, dando um prejuízo anual aos cofres públicos de mais de R$ 56 bilhões.

A greve deu-se no mês de maio, paradoxalmente, mês do Movimento Maio Amarelo, onde os governos, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada são conclamados a discutir as questões da segurança viária.

Esta constatação mostra que os governos, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada, com raríssimas exceções, não dão a devida importância aos danos sociais, psicológicos e financeiros que o trânsito causa. Não atentam para a tragédia que é o trânsito hoje.

É preciso priorizar a questão do trânsito, sair do discurso e ir para a prática, estimular o debate, investir em educação, na fiscalização da lei e na engenharia. Conscientizar a todos de que a segurança viária é uma decisão individual e que, somente com o engajamento da sociedade vamos diminuir esta mazela.

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