João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

As greves de uma Bahia real

Salvador vivenciou uma semana de clima social perverso, contrário ao que todos nós esperamos. Direito de ir e vir cerceados pela greve dos policiais militares, que acarretou trágicas consequências à cidade e aos moradores. Além disso, paralisação relâmpago dos professores da rede estadual de ensino e dos policiais civis. Após testemunhar o caos nas ruas, cabe-nos questionar: é justo que a população seja vítima de um medo crescente, que pague com a própria vida por causa da insegurança (que poderia ser evitada), que os pais não tenham garantias que seus filhos possam continuar o ano letivo?

Os professores suspenderam as atividades por 24 horas e continuam na briga para ter reivindicações atendidas. Quando não há aulas, os pais da rede estadual ficam atônitos pois muitas vezes não contam com local alternativo e seguro para deixar a prole. Trabalhadores de baixa renda, subempregados ou desempregados desprovidos do direito de saber se os filhos terão assegurada a merenda escolar e se, mais tarde, poderão ter um futuro diferente e com maiores perspectivas.

As greves da rede escolar brecam as esperanças, jogam balde de água fria nos sonhos de muitas famílias que apostam na educação como a luz no final do túnel.

Esse ano na rede estadual da Bahia as aulas começaram em março (efeito da greve de 2011), quando nas outras redes o início foi em janeiro e, além disso, em menos de 30 dias letivos já ocorreram sete paralisações. Os profissionais da educação se posicionam contra um governo que trata com descaso o segmento.

A greve de 2011 na rede estadual durou mais de 100 dias, bagunçou o ano letivo de milhões de jovens e o calendário de milhares de professores e profissionais da educação.

Também não é a primeira vez que policiais militares, impacientes com a lentidão para análise de sua pauta, paralisam as atividades. Em 2012, a poucos dias do carnaval, a greve eclodiu com elevação do número de homicídios em 100%. Essa semana o número de assassinatos cresceu vertiginosamente, e os prejuízos são inúmeros. Quem paga essa conta?

A Bahia da propaganda tem a imagem incrementada pelo sistema HD em alta definição; tudo é muito bonito, colorido e festivo. Tudo flui de forma perfeita. Já a Bahia real sofre com greves, arrastões, saques, assaltos, roubos, pânico, violência.

Na Bahia real, após a PM voltar ao serviço, as aulas da rede estadual podem ser suspensas e os servidores poderão também cruzar os braços à espera de acordo. E agora, após visualizarmos nas redes sociais, na TV e nas ruas tantos absurdos, a Bahia real não ganha contornos ainda mais preocupantes? Tomara que, mais uma vez, os estudantes e suas famílias não sejam prejudicados e que a Bahia real imite a propaganda.

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