Foto: Luís Macedo/Agência Câmara
17 de setembro de 2019 | 06:58

Parlamentares governistas tentam barrar três CPIs

brasil

Deputados e senadores governistas se organizaram, nos últimos dias, para barrar a criação de duas comissões parlamentares de inquérito no Congresso. A CPI da Lava Toga no Senado, que quer investigar a atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal, e a da Vaza Jato na Câmara – articulada pela oposição para apurar as conversas entre o então juiz e hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, e procuradores da força-tarefa da Lava Jato – preocupam o Palácio do Planalto porque há o temor de que as investigações possam respingar no governo e em aliados.

Uma terceira CPI, a das Fake News, já instalada, passou a ser monitorada pela base do governo no Legislativo, tendo à frente o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente. No Senado, a tentativa de abrir a investigação contra integrantes do Supremo rachou o PSL. Flávio tentou que os colegas da legenda retirassem o apoio à comissão. Diante da pressão, Juíza Selma (MT) anunciou que vai sair do PSL. O líder do partido no Senado, Major Olímpio (SP), pediu que o próprio Flávio deixe a legenda, como mostrou a Coluna do Estadão.

Olímpio afirmou mais tarde que não sairá do PSL porque foi convencido por pessoas próximas a permanecer no partido. “Vou continuar apoiando o presidente Bolsonaro e as pautas do governo. Não vejo o presidente tomando posição contra a Lava Jato. É uma posição do filho do presidente, que é senador. Mas isso é contraproducente à bandeira do próprio partido”, disse ele ao Estadão/Broadcast, lembrando que Bolsonaro foi eleito defendendo o combate à corrupção.

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) foi uma das que pediram para Selma e Olímpio continuarem no PSL. Ela também minimizou o movimento de Flávio, em uma tentativa de apaziguar a crise interna. “Estou pedindo para todo mundo se perdoar, parar de brigar e esperar a poeira abaixar”, afirmou. Para ela, Flávio tentou barrar a CPI por entender que a investigação atrapalharia o governo do pai. Na avaliação da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), a CPI vai enfraquecer tanto o Legislativo quanto o Judiciário. “E não vai acontecer o que é preciso, de fato, que é a saída dos ministros”, disse. Ela já chegou a levar um boneco do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski em uma manifestação de rua, em 2016, para mostrar que o magistrado era aliado do PT.

Estadão
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