Foto: Agência Petrobrás
16 de setembro de 2019 | 12:19

Disparada do petróleo é teste para política de preços da Petrobras, dizem analistas

economia

A disparada do preço do petróleo após ataques em instalações petrolíferas na Arábia Saudita será um teste para a autonomia da Petrobras para definir os preços dos combustíveis em momentos de crise, avaliam analistas que acompanham os negócios da estatal. O preço do petróleo chegou a subir 20% no domingo (15) e opera nesta segunda com alta de 8%. No mercado, porém, não há ainda clareza sobre a duração desse ciclo de alta, que vai depender da capacidade de recuperação da produção saudita ou de substituição do petróleo daquele país por outras fontes.

O cenário favorece as negociações com ações da estatal, que registravam alta de 3,31% às 11h50 desta segunda (16). Ainda assim, Luiz Carvalho e Gabriel Barra, analistas do banco UBS, veem uma situação “desafiadora” para a estatal. Além do petróleo, dizem, a taxa de câmbio deve sentir os efeitos da crise, pressionando ainda mais a chamada paridade de importação —conceito usado pela política de preços da estatal, que simula o custo de importação dos combustíveis.

Eles lembram que no passado, a empresa segurou seus preços em diversos momentos de crises semelhantes, gerando prejuízos em suas operações de refino. “A gestão atual tem conseguido implementar uma estratégia bem sucedida até agora e esse evento será um importante teste sobre a solidez dessa política.” Em abril, durante um ciclo de alta das cotações internacionais, o presidente Jair Bolsonaro determinou que a direção da Petrobras suspendesse reajuste no preço do diesel, alegando risco de nova greve de caminhoneiros. A decisão levou a estatal a perder R$ 32 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.

“É provável que essa disparada do petróleo não resulte em aumento dos preços de combustível, até porque o governo já demonstrou dificuldade em fazer isso em outros momentos –na última vez que tentou, tivemos a greve dos caminhoneiros”, escreveram Matheus Salomão e Thiago Soares, da Rico Investimentos. A estatal subiu o preço do diesel na sexta (13), alta de R$ 0,0542 por litro —foi o segundo reajuste no mês de setembro. Já o preço da gasolina foi reajustado pela última vez no dia 5 de setembro. A expectativa do mercado é que a empresa espere um pouco antes de definir por novo aumento.

Folha de S.Paulo
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