12 de setembro de 2019 | 20:19

Brasil prepara aliança com EUA por defesa da liberdade religiosa

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A Aliança Internacional para Liberdade Religiosa será um dos principais assuntos do encontro do chanceler Ernesto Araújo com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, nesta sexta-feira (13), em Washington. Os Estados Unidos apostam na aliança como um dos pilares de sua política externa, e o Brasil deve ser um dos membros fundadores do órgão.

A cooperação na ofensiva contra discriminação religiosa no mundo é considerada ponto chave da parceria estratégica entre os dois países. A iniciativa visa a defender todas as religiões, mas o tema foi abraçado especialmente por evangélicos e católicos mais atuantes. “Estamos totalmente de acordo com o conceito e com o esforço de promover a liberdade religiosa para todas as religiões ao redor do mundo”, disse à reportagem o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que se reuniu nesta quarta-feira (11) com Sam Brownback, embaixador dos EUA para Liberdade Religiosa.

Os Estados Unidos realizaram sua segunda reunião sobre o tema em julho, com presença de Damares Alves, titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e do pastor Sérgio Queiroz, secretário nacional de Proteção Global do ministério. Em sua participação, Damares disse estar “particularmente apreensiva com a perseguição contra cristãos”, mas mencionou que o Brasil dará atenção especial às religiões de matriz africana. Participaram do encontro delegações de 106 nações, com representantes de diversas religiões. Países com histórico de perseguição religiosa, como Irã, China e Arábia Saudita, não compareceram, embora outros que também registram altos níveis de restrição, segundo o Pew Research Center, como Israel, Emirados Árabes e Egito, estivessem presentes.

“As pessoas acham que lutar por liberdade religiosa é só luta pelos cristãos, mas isso não é verdade; tratamos de todas as religiões –as de matriz africana são perseguidas na América Latina, muçulmanos na Europa e, no Oriente Médio, o maior alvo são os cristãos”, disse à reportagem o secretário Sérgio Queiroz. “Mas é que, em números totais, a religião mais perseguida do mundo é a cristã.”

Estudo conduzido pelo Pew Research Center e publicado em julho deste ano mostra que os cristãos são o grupo religioso perseguido no maior número de países (143), seguidos por muçulmanos (140) –ambos representam as religiões com o maior número de fiéis. Segundo Queiroz, os EUA são os grandes defensores da liberdade de discutir a fé em contexto político. “Lá, existe uma resistência grande de setores religiosos, que querem levar a religião para a arena pública”, diz. “O Brasil é um país laico, mas isso não significa que a religião deva ser retirada da esfera pública, que a fé não possa fazer parte do debate.”

Folhapress
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