Foto: Divulgação/Arquivo
O baiano Augusto Aras será o novo procurador geral da República 12 de setembro de 2019 | 09:27

Aras traz perspectiva de racionalidade a MPF, na avaliação de políticos baianos

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Há genuína boa expectativa entre políticos baianos para a confirmação do nome de Augusto Aras como novo Procurador Geral da República (PGR) na sabatina prevista para o Senado e, mais ainda, para sua futura atuação no cargo como sucessor de Raquel Dodge. Além do acesso direto ao futuro procurador, facilitado pelas relações com o Estado e seus representantes, alguns dos quais conhecidos de longa data do próximo chefe do Ministério Público Federal, eles contam com uma perspectiva de racionalidade na condução do órgão sob o comando de Aras com que nunca imaginaram.

As críticas do baiano ao estilo imprimido na Lava Jato pelos procuradores mais jovens, que chamou de “nutela”, em contraposição aos mais velhos, aos quais se referiu como “de raiz”, mais experientes, comedidos e, portanto, menos suscetíveis a excessos midiáticos, em sua avaliação, soam como música aos ouvidos da classe política, incluindo aí a baiana, que sempre se colocou como alvo potencial da obsessão dos representantes do Ministério Público Federal e do ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, no combate, a qualquer custo, da corrupção praticada por representantes.

No corpo a corpo que fez ontem junto aos senadores, na tentativa de evitar resistências à aprovação de seu nome, Aras repetiu ser contrário a excessos e à espetacularização que caracterizou as operações, uma das estratégias que a Lava Jato tomou emprestada da Mãos Limpas, na Itália, na qual seus representantes abertamente se inspiraram, apesar de ter defendido a extensão dos trabalhos na direção dos Estados. O fato de o procurador combater o conhecido corporativismo do MPF, responsável pela lista tríplice que driblou no processo de indicação pelo presidente Jair Bolsonaro, é outro ponto a favor de Aras.

Parlamentares baianos acreditam que também essa característica é mais um sinal de que o procurador deve olhar menos para dentro do Ministério Público Federal e dos seus interesses como instituição que detém enorme poder e mais para a sociedade, interpretando seus anseios pela depuração da atividade pública sem desconsiderar o papel importante a ser desempenhado por seus representantes na República, o que, por si só, consideram como uma espécie de garantia de que o diálogo deve ser um dos principais instrumentos de atuação do futuro PGR.

Eles também têm elogiado o estilo pessoal mais discreto de Aras, que, segundo análise da maioria, só permitiu se mostrar no momento em que assumiu abertamente a campanha para assumir o controle da instituição. O procurador recomendou, por exemplo, que uma espécie de festa que a bancada baiana pretendia realizar para comemorar sua indicação ao cargo, organizada pelo líder do DEM na Câmara, o deputado Elmar Nascimento, com a participação de todos os 43 parlamentares do Estado, fosse abortada a fim de não permitir interpretações ou especulações distorcidas sobre seu futuro mandato neste momento ainda delicado do processo de indicação.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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