Foto: Fábio Motta/Estadão
17 de setembro de 2019 | 06:49

Após atritos com Bolsonaro e Lava Jato, Dodge deixa PGR e pressiona sucessor

brasil

Preterida pelo presidente Jair Bolsonaro para mais um mandato de procuradora-geral da República, Raquel Dodge, 58, deixa o posto nesta terça-feira (17) e passará o bastão ao vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, Alcides Martins —que assumirá as funções interinamente. Após dois anos de uma gestão marcada por atritos com a Lava Jato e por ter denunciado Bolsonaro antes de ele se tornar presidente, Dodge buscou elevar a cobrança sobre o subprocurador-geral Augusto Aras, indicado pelo presidente para sucedê-la na PGR.

Em discurso na véspera de deixar o cargo, Dodge reforçou na noite desta segunda-feira (16) a necessidade de o Ministério Público Federal se manter independente e autônomo para exercer suas funções. Aras, que ainda depende de aprovação no Senado, foi escolhido por Bolsonaro após correr por fora da lista tríplice da categoria e defender bandeiras alinhadas às do presidente.

“É com independência e autonomia que o Ministério Público cumpre a sua missão constitucional, que é cara no sentido de que fora da ordem democrática não há salvação. Sem proteção dos direitos fundamentais não há sociedade justa, e sem justiça não tem democracia”, afirmou Dodge. Na última semana, a procuradora-geral fez discurso no Supremo Tribunal Federal pedindo “um alerta para que fiquem atentos a todos os sinais de pressão sobre a democracia liberal”.

Folha de S.Paulo
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