Foto: Estadão
Usina de Itaipu 28 de agosto de 2019 | 18:45

Suplente do PSL falava em nome do governo Bolsonaro, diz assessor paraguaio sobre Itaipu

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O ex-assessor da vice-presidência do Paraguai José ‘Joselo’ Rodríguez – apontado como lobista na tentativa de venda de energia da Usina de Itaipu para a empresa brasileira Léros – disse em entrevista à imprensa paraguaia nesta quarta-feira, 28, que o empresário Alexandre Giordano falava nas negociações em nome do governo brasileiro. “Em todas as conversas com a empresa brasileira a primeira coisa que faziam era dizer que tinham apoio da alta cúpula do governo brasileiro para obter a autorização para importar energia”, disse Rodríguez à Rádio ABC Cardinal. “Isso disseram não apenas a mim, mas na reunião pública também. Questionado se Giordano disse que a Léros estaria vinculada à família do presidente Jair Bolsonaro, o ex-assessor respondeu que sim. “Não disseram isso só a mim, mas a todos os demais”. Suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), Giordano esteve no Palácio do Planalto um dia depois de o presidente visitar Itaipu, em fevereiro. Ele viajou duas vezes ao Paraguai no primeiro semestre para discutir a compra de energia excedente de Itaipu para a Léros num jatinho da empresa– o que é ilegal, segundo a CPI que apura o caso no Paraguai. A primeira viagem de Giordano ao Paraguai ocorreu 9 de abril juntamente com Adriano Tadeu Deguimerndjian Rosa, executivo da Léros e o advogado Cyro Dias Lage Neto, além de dois tripulantes. Eles voltaram a Foz do Iguaçu no mesmo dia. A segunda viagem ocorreu em 25 de junho. A crise em Itaipu começou quando mensagens de celular vazadas para a imprensa revelaram que o governo do presidente Mario Abdo Benítez aceitou um acordo lesivo ao país nas negociações com o Brasil. O escândalo quase levou ao impeachment de Abdo Benítez e só perdeu força depois de Bolsonaro anunciar a anulação do acordo. Em paralelo, veio à público a informação de que a vice-presidência paraguaia pressionou a Ande, a estatal elétrica paraguaia, para vetar um artigo do acordo que dificultaria a venda de energia exclusivamente para a Léros. Nas conversas entre Joselo e a Ande, apareceu o nome de Giordano. Ao Estado, o suplente e a empresa negaram qualquer irregularidade. “Não tenho nenhuma relação com esse acordo. A Léros me chamou e eu fui lá escutar a proposta da Ande sobre venda de energia. Existe uma licitação aberta, que é pública. Eu não comprei nada. A própria Léros não assinou nada”, disse Giordano. O chamamento público da licitação, divulgado no site da própria Ande, data de 25 de junho, dia da segunda viagem de Giordano ao Paraguai.

Estadão Conteúdo
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