Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
18 de agosto de 2019 | 07:27

Apelidado de 06, secretário da Pesca critica onda verde e é fã de Bolsonaro

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Apelidado de 06 por Jair Bolsonaro (PSL), Jorge Seif Jr. usa o termo “apaixonado” para definir seu sentimento pelo chefe do Poder Executivo, mimetizando o próprio presidente, que usa a expressão quando quer demonstrar intimidade com alguém ou ironizar quem o desagrada. A relação entre eles começou antes da posse de Bolsonaro. Seif Jr. foi escolhido para o cargo de secretário de Aquicultura e Pesca em 17 de novembro de 2018 –data que lembra sem fazer esforço e à qual se refere com orgulho. Na manhã daquele sábado, ele e o pai, o empresário do ramo pesqueiro Jorge Seif, estavam no apartamento da família na Barra da Tijuca, região oeste do Rio de Janeiro. Foi o filho que insistiu que tentassem ser recebidos pelo “capitão”.

A família Seif é carioca, mas há algumas décadas se instalou em Itajaí, no litoral catarinense, para desenvolvimento da atividade pesqueira. Eles são donos da JS Pescados –nome definido com ironia pelo secretário como “muito criativo”–, que tem embarcações e empresas de gelo e de pesca, em especial de sardinhas e atum. O secretário, de 42 anos, estudou administração de empresas na Univali (Universidade do Vale do Itajaí) e trabalhava na empresa da família antes de ocupar seu primeiro cargo público. Vê como sua principal missão à frente da pasta garantir “acessibilidade” aos que atuam no ramo da pesca.

Lembra com certo amargor da vez em que desembarcou em Brasília, em 2017, para tentar ter uma licença liberada. Sem horário marcado, tomou um chá de cadeira na Secretaria da Pesca e voltou para casa de mãos abanando. Reclama do tom cerimonioso que as autoridades costumavam adotar em gestões anteriores. “Ficavam num pedestal, à direita de Deus Pai”, reclamou durante conversa com a Folha em seu gabinete, no prédio que abriga o Ministério da Agricultura. Seif Jr. disse que sua admiração por Bolsonaro começou ainda durante a campanha e que sempre defendeu ideias de direita. Segundo ele, “não por ideologia”, mas por acreditar numa visão mais liberal de mundo.

Ele conta ter feito propaganda gratuita para o candidato do PSL, o que levou a romper com parentes, em especial com aqueles que diz serem “ligados às universidades”. A aproximação da família Seif com Bolsonaro aconteceu em janeiro de 2018, quando um vídeo de Jorge Seif pai, em tom de elogio ao então deputado federal, chegou ao conhecimento do capitão. Grato pela homenagem, o então pré-candidato à Presidência ligou para agradecer ao empresário. Esse contato telefônico garantiu o primeiro encontro do hoje secretário com o então presidente eleito, no fim de 2018. Pouco depois, pai e filho estavam no condomínio Vivendas da Barra, endereço fluminense de Bolsonaro, tomando café e água com o futuro ocupante do Palácio do Planalto. A foto do encontro virou a capa do Twitter de Seif Jr. Ele disse ter à mão naquele dia cinco páginas de Word impressas “com letras grandes porque o pai não enxerga direito” com as reivindicações do setor pesqueiro. “Imaginava que em algum momento ia precisar disso”, diz.

Folha de S.Paulo
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