Foto: Amanda Perobelli / Estadão
Expectativa da equipe econômica é que saques reforcem o crescimento da economia em 0,3 ponto porcentual, para o mesmo nível registrado nos dois últimos anos do governo Temer 18 de julho de 2019 | 07:07

Liberação do FGTS pode dar fôlego à economia e elevar PIB para até 1,1%

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A liberação de parcela das contas ativas (dos contratos atuais) do FGTS para os trabalhadores deve dar impulso à economia e pode garantir ao presidente Jair Bolsonaro um crescimento do Produto Interno Bruto acima de 1% no primeiro ano do governo. A expectativa da equipe econômica é que os saques reforcem o PIB em 0,3 ponto porcentual, o que elevaria a projeção para 1,1% – mesmo nível registrado nos dois anos anteriores do governo Michel Temer. Segundo modelos preparados para a liberação dos saques, o impulso ao crescimento pode ficar entre 0,2 e 0,4 ponto porcentual. Hoje, o governo trabalha com estimativa de crescimento de 0,81%. Com a revelação na quarta-feira pelo Estadão/Broadcast dos detalhes do projeto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, determinou à sua equipe que acelerasse a proposta para ser apresentada na noite de quarta ao presidente Bolsonaro. A medida deverá ser anunciada nesta quinta-feira e valerá para contas ativas e inativas (de contratos de trabalho anteriores). Segundo fontes, Guedes, que passou a quarta-feira na Argentina, exigiu da equipe da Secretaria de Política Econômica (SPE), que elabora o programa, manter intocados os recursos do FGTS para a habitação. Com isso, o valor da liberação vai cair de R$ 42 bilhões para R$ 30 bilhões. O Estadão/Broadcast revelou que o Ministério da Economia deve permitir que os trabalhadores saquem entre 10% e 35% dos recursos das contas ativas do FGTS dependendo do saldo que possuem no fundo. Para o economista da LCA Consultores Vitor Vidal, o impacto da liberação das contas ativas do FGTS sobre o consumo e, consequentemente, sobre o PIB pode ser maior agora do que na liberação das contas inativas promovida pelo governo de Michel Temer em 2017. Isso porque a inadimplência das famílias hoje é menor. Em 2017, fizeram o saque de cerca de R$ 44 bilhões de contas inativas 25,9 milhões de trabalhadores. Vidal cita que uma pesquisa do Ibre/FGV na época mostrou que 40% desses recursos foram destinados ao pagamento de dívidas. A economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Marianne Hanson também estima que o impacto sobre a economia pode ser maior dada a melhoria nas expectativas para a atividade no segundo semestre, com o andamento da reforma da Previdência. A CNC, em 2017, calculou que um quarto dos recursos foi destinado ao consumo, o que levou a um aumento de 1,4% no varejo entre março e julho, meses em que os valores foram sacados. Marianne acredita que setores mais ligados à renda podem ser mais beneficiados, como o de supermercados.

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