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Ameaça de novo rompimento ontem voltou a criar pânico nos moradores da região afetada 13 de julho de 2019 | 09:34

Dauster e Vitório teriam desprezado plano de contenção de barragens no Estado

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O rastro de destruição provocado pelo rompimento da barragem do Quati, no município de Pedro Alexandre, que fora inicialmente classificado pelo governo do Estado como um transbordamento, continua provocando forte tensão no núcleo duro do Executivo estadual, com a busca de culpados em meio à aludida inconformidade do governador Rui Costa (PT) com os acontecimentos.

Diante do quadro, no entanto, e do risco de novos problemas, começam a aparecer os nomes dos supostos responsáveis por barrar o Plano de Contenção de Barragens, proposto desde o primeiro governo de Rui Costa pela secretaria estadual de Recursos Hídricos, mas que, segundo revelado por este Política Livre, foi descartado sob a alegação de falta de recursos.

Pronto, mas esquecido na Sihs, o plano, desenvolvido com o propósito de promover intervenções em barragens que apresentassem algum tipo de risco no Estado, teria sido engavetado pelo secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, com a anuência do secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório. Os dois teriam convencido o governador do Estado de que não era “prioritário”.

“As negativas vieram da Casa Civil e, por último, da Sefaz, através da unidade denominada Qualidade de Gastos Públicos, que travou também o Plano de Segurança Hídrica do Estado. O que eles não esperavam era que uma tragédia dessa proporção, felizmente, até então, sem vítimas fatais, fosse ocorrer em uma barragem de menor porte”, diz uma fonte técnica do Governo.

Ela afirma não querer imaginar o que pode ocorrer no Estado se houver um rompimento em um dos 10 equipamentos de maior porte considerados vulneráveis pela Agência Nacional de Águas (ANA). A Bahia é o Estado com o maior número de barragens vulneráveis (10), seguido por Alagoas (6) e Minas Gerais (5).

Na lista estão: Afligidos (em São Gonçalo dos Campos), Apertado (Mucugê), Araci (na cidade de mesmo nome), Cipó (Mirante), Luiz Vieira (Rio de Contas), RS1 e RS2, em Camaçari, Tabua II (Ibiassucê), Zabumbão (Paramirim) e Pinhões (Juazeiro/Curaçá).

A do Quati estava fora, porém existe ainda a ameaça de novos rompimentos, até mesmo de barragens vizinhas. A confirmação do risco pelo Corpo de Bombeiros voltou a criar pânico nos moradores de Pedro Alexandre e da cidade vizinha de Coronel João Sá, na tarde de ontem.

O governador, no entanto, ainda não falou sobre o Plano de Contenção e até mesmo no rompimento da barragem já confirmado por sua equipe. Ele prefere afirmar que o que está acontecendo é o colapso de muitos pequenos barramentos feitos em propriedades privadas que acabaram desaguando na barragem do Quati e provocando seu rompimento.

Segundo ele, as pequenas barragens “vão rompendo e formam um efeito cascata e uma onda de água”. Ele determinou a mobiliação do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, da Defesa Civil, além máquinas e equipamentos para desobstruir bueiros e facilitar o deslocamento da população.

“Agora vamos monitorar os outros pequenos barramentos para que a eventual elevação da água não comprometa a vida de ninguém, tomando, inclusive, medidas para a prevenção da saúde das pessoas”, disse em visita ontem a Coronel João Sá.

O prefeito ACM Neto (DEM) também disponibilizou a equipe da Defesa Civil de Salvador e ambulâncias do município de Salvador para apoiar as vítimas dos municípios afetados pelo rompimento da barragem do Quati.

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Fernanda Chagas
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