18 de junho de 2019 | 13:09

Eleição na Guatemala coloca em jogo futuro de órgão anticorrupção no país

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As eleições presidenciais na Guatemala, cujo primeiro turno ocorreu neste domingo (16), despertam o interesse da comunidade internacional por alguns temas. O principal deles é a imensa quantidade de guatemaltecos que têm deixado o país para tentar entrar nos EUA. Isso ocorre porque a nação centro-americana integra, junto a El Salvador e Honduras, o Triângulo do Norte, faixa territorial marcada pela violência de facções criminosas –as chamadas “maras”. Esses grupos, que já contam com mais de 80 mil membros nos três países, obrigam grande parte da população camponesa, vítima de extorsões, assassinatos e recrutamentos de menores, a fugir, colaborando para a crise da migração ilegal que afeta México e EUA. Outro tema em jogo no pleito deste ano, que será decidido entre a centro-direitista Sandra Torres e o direitista Alejandro Giammattei, é menos midiático. A Guatemala é um país com altos níveis de corrupção. E foi ali que, em 2007, com a aprovação do Congresso, instalou-se a Cicig (Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala), órgão independente, apoiado pela ONU, composto por colaboradores e magistrados guatemaltecos e estrangeiros para investigar casos de corrupção no país. A Cicig não faz justiça por conta própria –suas denúncias são levadas para a Procuradoria guatemalteca. A propaganda que trouxe para as causas, porém, chamou a atenção da população para o problema, e, a partir de 2015, quando o órgão revelou seus casos mais importantes, fez estalar uma espécie de “primavera guatemalteca”, levando manifestantes, principalmente jovens, às ruas. Naquele ano, a Cicig revelou um complexo sistema de corrupção que envolvia o então presidente do país, Otto Pérez Molina, e vários de seus apoiadores. O Congresso tirou a imunidade do presidente, e um julgamento começou a se armar. O impeachment estava às vésperas de ser votado, mas Molina decidiu renunciar antes, entre outros motivos porque a pressão das ruas era enorme. Ainda assim, foi julgado, condenado e hoje cumpre prisão domiciliar.

Folhapress
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