Major Olímpio 24 de maio de 2019 | 12:39

Para líder do PSL, Bolsonaro dá tiro no pé ao não reagir à derrota de Moro na Câmara

brasil

O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), criticou a decisão do presidente Jair Bolsonaro de desistir brigar pela devolução do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o guarda-chuva de Sergio Moro no Ministério da Justiça. Bolsonaro usou uma de suas lives na internet, nesta quinta (23), para defender que o Senado não mude o texto aprovado pela Câmara. Na quarta-feira (22), o plenário da Câmara aprovou o texto-base da medida provisória do presidente que reestrutura o governo, mas impôs derrota a Moro. Por 228 votos a 210, foi retirado da Justiça o Coaf, órgão que faz relatórios sobre movimentações financeiras suspeitas e que o ministro considera estratégico no combate à corrupção. Pela versão que recebeu aval dos deputados, ele voltará a ser da alçada do Ministério da Economia. O resultado foi mais uma demonstração de força do centrão (grupo informal com cerca de 200 deputados de partidos como PP, DEM, PL (ex-PR), PRB, MDB e Solidariedade) para o Planalto e o PSL. Informado da declaração do presidente, segundo a qual nem sempre é possível ganhar no Congresso, Major Olímpio disse que Bolsonaro pode cometer um erro. “Não vi a live, mas se o presidente estiver pensando assim, estará dando um tiro no próprio pé”, disse o líder do PSL à Folha de S.Paulo. “Claro que o Coaf ficará no governo, só faltava extinguir, mas ele [Bolsonaro] e seus ministros disseram que o órgão era ineficiente na Economia”, apontou Olímpio. “Difícil defender, se ele abrir mão da estrutura que sustenta sua principal bandeira: o combate à corrupção”, concluiu. Olímpio tem feito da manutenção do Coaf com Moro uma de suas bandeiras de atuação. Ele, inclusive, é um dos entusiastas das manifestações convocadas para este domingo (26) a favor do governo. Um dos motes dos atos é o combate à corrupção e a defesa das prerrogativas do ministro da Justiça. Aliado à oposição, o grupo conhecido como centrão formou a maioria que consolidou a derrota de Moro. O Senado seria o próximo palco de embate, mas o presidente passou a desestimular qualquer reação por temer que todas as mudanças atreladas ao projeto que também trata do Coaf percam a validade. A medida provisória da reforma administrativa, que precisa ser aprovada até 3 de junho, visa confirmar a estrutura do governo implantada pelo presidente no começo do ano. Na ocasião, ele reduziu a quantidade de ministérios de 29, como havia no governo Michel Temer (MDB), para 22. Se agora não tiver aval de senadores, Bolsonaro tem que retomar a configuração anterior. Além disso, qualquer mudança na MP pelos senadores, obrigaria o retorno do texto à Câmara, já sem tempo para ser votado antes do prazo de expiração.
“O presidente não falou comigo. Vou conversar com os senadores do PSL e todos os outros que o apoiam, apoiam Moro e o país no combate à corrupção”, afirma o líder do PSL no Senado.

Folha de S. Paulo
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