Foto: Divulgação/Arquivo
Prefeito ACM Neto 18 de abril de 2019 | 08:33

A provocação de Neto sobre Bellintani, por Raul Monteiro*

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O prefeito ACM Neto (DEM) apresentou esta semana o discurso com que pretende reagir à eventual iniciativa do governo Rui Costa (PT) e das forças aliadas a ele de apoiarem a candidatura à Prefeitura de Salvador do atual presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani. Lembrando do fato de que Bellintani foi seu auxiliar direto em duas pastas distintas, Neto afirmou que achava curioso o fato de a articulação política do governo e o próprio PT estarem procurando entre quadros que projetou para a vida pública o candidato capaz de derrotar seu grupo político em 2020.

De fato, não há como esconder que foi mérito principalmente de Neto criar o personagem Bellintani, até então uma figura desconhecida do grande público, da mesma forma que projetou vários outros quadros, dos quais o mais destacado é Bruno Reis, tirado do bolso do seu colete para seu vice e hoje o nome mais forte para concorrer à sua própria sucessão, um resultado que pode ser atribuído às características muito particulares da liderança política do prefeito. Enfatizar o próprio papel neste sentido embute também uma forte ironia ao seu maior adversário, o governador.

Afinal, em quatro anos de um primeiro mandato seguidos de uma reeleição que completará agora quatro meses, Rui, com efeito, não conseguiu fazer o mesmo. Não há um nome sequer que tenha conseguido preparar ou ajudar a se formar em seu grupo político para a primeira disputa de prefeito que acompanhou na qualidade de governador, em 2016, quando viu ACM Neto se reeleger com 74% dos votos válidos, nem se vislumbra que consiga fazê-lo para a própria sucessão, daqui a quatro anos, motivo porque seus aliados já se antecipam a prever que o PT não conseguirá ter candidato próprio na próxima virada.

Tendo sido sua primeira eleição ao governo, ela própria, resultado de um bem sucedido cáculo político, feito com pelo menos quatro anos de antecedência pelo seu padrinho e fiador de sua vitória, o então governador Jaques Wagner, se esperava que Rui tivesse aprendido algo da lição. O descompromisso ou desinteresse com a expansão de seu grupo político, manifesto tanto nos momentos de disputa eleitoral quanto no desprezo que passou a dispensar a alguns aliados, notadamente depois da reeleição, emitem sinais em sentido completamente contrário.

Não espanta, portanto, que o eventual apoio ao nome de Bellintani de sua parte esteja embalado num clima de absoluta insegurança e incerteza, sendo mais fruto do interesse de forças que se agrupam em torno do núcleo do poder estadual e vêem no ex-secretário de Neto chances de derrotar o próprio prefeito do que propriamente seu. Para esse time que acha quase uma questão de honra derrotar Neto, a resposta às suas provocações de que o ex-secretário é ligado a ele ou surgiu de uma de suas costelas reside hoje em dizer que um dos principais programas da Prefeitura, definidor de suas estratégias e ações, o Salvador 360, foi uma das obras de Bellintani em sua gestão.

* Artigo publicado pelo editor Raul Monteiro na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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