Foto: Reprodução/Arquivo
Governador Rui Costa 04 de abril de 2019 | 08:05

2020: a tese da candidatura única no campo do governo, por Raul Monteiro*

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Apesar de sua pluralidade, constituída por um leque de partidos que vão da esquerda à centro-direita, a base do governo Rui Costa (PT) já começa a estudar um cenário para a sucessão municipal de 2020 que passa pela construção de uma candidatura única à Prefeitura de Salvador. Seria o oposto do que marcou o comportamento do grupo nas últimas eleições, em que as siglas preferiram seguir separadas no primeiro turno na expectativa de realização de um segundo que muitas vezes não aconteceu, levando à derrota de todos.

Não deixa de ser curioso que a inflexão comece a ser proposta num momento em que a legislação sugere que o lançamento de candidaturas unitárias pode ser muito mais interessante eleitoralmente para os partidos do que a formalização da unidade logo no primeiro turno. É que, com a proibição das coligações às chapas proporcionais – de vereadores – a construção de candidaturas majoritárias, ainda que isoladas, pelos partidos, pode acabar ajudando na eleição de bancadas à Câmara Municipal de Salvador.

A tese daqueles que preferem a unidade desde já no grupo do governo, no entanto, passa por outra compreensão. Leva em conta a avaliação de que não é a simples existência de um candidato a prefeito o fator suficiente para que se eleja uma boa bancada de vereadores. Pelo contrário, a condição sine qua non para as legendas chegarem ao Legislativo com sucesso é que, além de possuírem nomes eleitoralmente fortes para a disputa, possam se articular em torno de um candidato verdadeiramente competitivo para a Prefeitura.

Do ponto de vista da estratégia e mesmo do planejamento, a idéia pode ser efetivamente o melhor que se pode construir pela base do governo Rui Costa, tendo em vista não só o resultado eleitoral do grupo no passado recente, mas igualmente a perspectiva, muito concreta, de que o time do prefeito ACM Neto (DEM) saia coeso em torno de um único nome, posição para a qual desponta neste momento, sem concorrência interna à vista, o atual vice-prefeito e secretário municipal de Infraestrutura, Bruno Reis (DEM).

Favorecido pelo apoio ostensivo do prefeito, muito experiente politicamente e obstinado, Bruno é do tipo que não dorme no ponto, trabalhando diuturnamente desde já, o que, se a cronologia favorecer, deve apenas robustecer cada vez mais sua condição eleitoral até o momento em que a campanha for aberta. Do lado do governador, o problema, no entanto, é fazê-lo entender que, ao contrário do que fez nas últimas eleições municipais em Salvador, quando deixou o jogo correr solto rumo à derrota, ele precisa empenhar sua liderança pela construção de uma única alternativa sólida para todo o grupo.

* Artigo do editor Raul Monteiro ´publicado hoje na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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