09 de março de 2019 | 12:38

Penúria na Venezuela atinge até mesmo os criminosos

mundo

Uma das mais curiosas consequências do colapso econômico da Venezuela é que o dinheiro basicamente desapareceu. Com a hiperinflação crescente, o governo não imprime moeda com a rapidez suficiente para acompanhar a desvalorização de modo que muitos venezuelanos usam cartões de débito, mas isto não significa que eles têm muito dinheiro para bancá-los. De repente já não vale muito a pena bater carteiras. “Se roubam sua carteira, não há nada dentro dela”, disse Yordin Ruiz, 58 anos, sapateiro. Enquanto o líder oposicionista Juan Guaidó luta para arrancar o comando do país do presidente Nicolás Maduro, um drama ainda maior vem se desenrolando em segundo plano. A economia está em queda livre. E as oportunidades estão desaparecendo até para os ladrões em um dos países mais dominados pelo crime em todo o mundo. Os assaltantes que costumavam girar por Caracas em motocicletas, mostrando suas pistolas nas vidraças dos carros e exigindo que suas vítimas entregassem as carteiras, agora só andam a pé. Não há peças de reposição para suas motos. No passado, os gatunos com frequência arrancavam os celulares de passageiros dos pequenos ônibus que rodam pelas vias rápidas de Caracas. Mas hoje o transporte público mal funciona. Muitos venezuelanos não reportam os assaltos e não há dados estatísticos confiáveis sobre muitos tipos de crime. Mas o grupo sem fins lucrativos Venezuela Violence Observatory (Observatório Venezuelano de Violência), calcula que os assassinatos caíram de 89 para cada grupo de 100.000 pessoas em 2017, para 81,4 no ano passado. Seu relatório de 2018, baseado em dados de investigadores de oito universidades no país, encontrou sinais de que vários outros tipos de crimes também estão em queda.

Estadão
Comentários