Foto: Reprodução Facebook/Artigo
Governador Rui Costa 11 de março de 2019 | 08:24

Ou Rui acorda ou nem disputa 2020, por Raul Monteiro*

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Com o início do ano, nesta semana seguinte ao Carnaval, aliados do governador Rui Costa (PT) devem começar a se articular para tentar convencê-lo da importância de se interessar pela sucessão do prefeito ACM Neto (DEM) na Prefeitura de Salvador, que acontecerá em 2020, e, pela primeira vez, buscar intervir no processo de forma a viabilizar a eleição de um quadro do grupo ao Palácio Thomé de Souza. Partidos governistas dizem identificar vários sinais de que abre-se uma grande janela de oportunidade para o feito no ano que vem.

O mais forte deles teria sido uma sondagem da Paraná Pesquisas sobre as intenções de voto à Prefeitura que colocou pelo menos quatro nomes de partidos ligados ao governo em empate técnico na liderança, embolados com o candidato de Neto à própria sucessão, Bruno Reis (DEM), seu atual vice, que aparece, no entanto, praticamente sozinho como representante do grupo do prefeito entre todos os nomes pesquisados. A se consolidarem, os números indicariam, na avaliação das forças aliadas governistas, evidente favoritismo do time do governador na corrida pelo Thomé de Souza.

O problema é que Rui, provavelmente confirmando o que dizem os mesmos aliados, continua dando mostras de que não tem lá grande interesse na política e não se mexe, enquanto Bruno, mesmo despontando sozinho no grupo do prefeito, a 19 meses da disputa, trabalha intensamente para consolidar seu nome, sobretudo nas camadas populares da cidade, usando para isso toda a estrutura que a máquina municipal lhe oportuniza, o que pode transformar a tarefa de batê-lo mais difícil do que muitos imaginavam no rescaldo do pífio resultado eleitoral do DEM nas eleições estaduais passadas.

Não bastasse isso, ainda está bem viva na memória do grupo de aliados do governador a péssima operação que consistiu na disputa da Prefeitura na eleição de 2016, quando Neto conseguiu se reeleger com 74% dos votos em meio a um clima de completa desarticulação das forças governistas na capital baiana, problema que aliados colocam, em grande percentual, na conta do governador. Exatamente como faz agora, Rui demorou a se movimentar e acabou tendo que engolir a candidatura à Prefeitura da deputada federal Alice Portugal (PCdoB), pela qual não trabalhou.

É claro que a campanha de Bruno não será um passeio, principalmente se for levado em conta o entrosamento do seu partido com o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e os primeiros efeitos de propostas que poderão ser aprovadas até lá, como a reforma da Previdência, cujos benefícios deverão demorar de se fazer se sentir na economia, ao contrário do que espera o governo. No entanto, se Rui continuar com a postura que o tem caracterizado, de completo alheamento aos interesses eleitorais de seu grupo, Neto e seu candidato têm tudo para lhe dar um olé em mais uma eleição em Salvador.

* Artigo de Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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