Foto: Dida Sampaio / Estadão
Crise se instaurou depois que a proposta de reforma previdência dos militares trevê compensações bilionárias para a carreira 22 de março de 2019 | 07:09

Centrão rejeita relatoria da Comissão de Constituição e Justiça

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O envio de uma proposta de reforma da previdência dos militares com compensações bilionárias para a carreira foi o estopim para os deputados do Centrão deflagrarem uma ofensiva contra a articulação do governo, que já vinha despertando a insatisfação dos parlamentares. Em meio à crise, o Centrão decidiu rejeitar a relatoria da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e trabalha para barrar qualquer nome do bloco para o posto. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, lideranças do Centrão ligaram para o presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), para pressioná-lo a designar um nome do próprio PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, ou até mesmo da oposição. Entre os cotados agora estão os deputados Bia Kicis e General Girão, ambos do PSL. A crise tem potencial de atrasar ainda mais a tramitação da reforma. A CCJ tem um prazo de até cinco sessões para avaliar se a proposta enviada pelo governo é admissível perante a Constituição, sem ferir nenhuma cláusula pétrea. Nesta quinta-feira, 21, foi realizada a quarta sessão o que indica que o prazo será atingido na próxima sessão plenária, que deve ocorrer na terça-feira, 26. A insatisfação com o projeto dos militares foi a cortina de fumaça para a disputa travada nos bastidores por maior interlocução com o governo. Segundo apurou a reportagem, os integrantes do Centrão se reuniram ontem com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tentaram cancelar a audiência com o ministro da Economia, Paulo Guedes, prevista para terça-feira. O discurso propagado pelos parlamentares é que não querem ouvir ninguém do governo, já que o governo não está ouvindo ninguém do Congresso. Nem Maia nem Francischini aceitaram desfazer o convite ao ministro, mas agora há o risco de o Centrão esvaziar a sessão em que o ministro será ouvido na comissão. A participação de Guedes na CCJ já é considerada atípica e resultado da desarticulação do governo, uma vez que a comissão não analisa o mérito da proposta, apenas sua admissibilidade. A audiência com o ministro costuma ocorrer na comissão especial, mas a oposição vem apresentando uma série de requerimentos para a convocação de Guedes. Uma convocação obriga o ministro a comparecer, sob o risco de ser conduzido coercitivamente e ser acusado de crime de responsabilidade. Na CCJ, Francischini conseguiu selar um acordo para transformar a convocação em convite para aplacar os ânimos dos parlamentares. A avaliação de fontes que participam dessas negociações é que o Centrão está instrumentalizando esses requerimentos, geralmente apresentados pela oposição, para colocar o governo contra a parede e pressioná-lo num momento crítico para a tramitação da reforma. A iminência de um corte de quase R$ 30 bilhões no Orçamento também causa apreensão no Congresso, embora o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tenha feito a promessa de blindar as emendas parlamentares desse contingenciamento de recursos.

Estadão
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