Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Confrontos nas regiões de fronteira da Venezuela com o Brasil e a Colômbia 24 de fevereiro de 2019 | 07:00

Confrontos em fronteiras da Venezuela travam entrada de ajuda e matam 3

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No dia em que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, prometeu concretizar a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, as cenas vistas foram de confrontos nas regiões de fronteira com o Brasil e a Colômbia e caminhões retornando ao país de saída sem conseguir entregar as toneladas de alimento e remédios ao povo venezuelano. Ao menos três pessoas morreram, sendo um adolescente de 14 anos, e 31 ficaram feridas em Santa Elena do Uairén, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, em conflitos com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Na divisa com a Colômbia, dois caminhões que transportavam ajuda foram incendiados por partidários do presidente Nicolás Maduro na ponte Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela) e 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com militares na ponte Simón Bolívar, principal passagem entre os dois países por onde a oposição tenta fazer entrar ajuda básica. Com os confrontos, os caminhões, que haviam adentrado poucos metros na Venezuela, com ajuda retornaram para os territórios colombiano a brasileiro. Em Pacaraima (Roraima), a poucos metros dentro da fronteira do país vizinho, venezuelanos radicados no Brasil queimaram carros e lançaram pedras em militares da GNB, que reagiram devolvendo pedradas, tiros de borracha e gás de pimenta. A situação ficou mais tensa conforme venezuelanos e militares chavistas se aproximaram do marco fronteiriço que divide os dois países. Pedradas de lado a lado ficaram mais frequentes. Dois carros, entre eles o da reportagem do Estado, ficaram isolados entre os dois lados do confronto e chegaram a ser alvejados por pedras. Um fotógrafo da agência Efe foi atingido por uma pedra. Após quebrar paralelepípedos em pedaços menores para arremessar contra os guardas, os manifestantes subiram no marco fronteiriço e tentaram hastear a bandeira venezuelana, a meio mastro desde que a divisa foi fechada na quinta-feira. Sem conseguir, acabaram roubando-a. Nesse momento, os militares se aproximaram do pequeno rochedo onde fica o monumento para devolver as pedradas dos manifestantes. Quando às pedras se somaram tiros e bombas de gás, houve correria e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o 7.º BIS agiram para acalmar a situação. Dois caminhões venezuelanos, dirigidos por voluntários que vivem do lado brasileiro da fronteira, fizeram o transporte da ajuda humanitária de Boa Vista até Pacaraima. Um dos motoristas, Leister Sánchez, afirmou horas antes do confronto que “não temia violência”. Após a confusão, ele apenas lamentou. “Não precisamos disso”. Os caminhões, que cruzaram apenas 3 metros adentro a fronteira venezuelana, sem chegar ao posto de aduana, ficaram estacionados durante toda a tarde. No final da tarde, após o começo da confusão com a GNB e manifestantes denunciando um suposto infiltrado do chavismo, os caminhões voltaram para Pacaraima. Ao Estado, outro representante da oposição, Thomas Silva, disse que a orientação era esperar para evitar violência. Um representante diplomático americano lamentou à reportagem, a desorganização da operação. Na fronteira da Venezuela com a Colômbia, dois caminhões de uma caravana de quatro também precisaram retornar ao fim do dia. Dois caminhões foram incendiados ontem em uma ponte quando os militares venezuelanos bloquearam a passagem de uma caravana de quatro caminhões e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Guaidó, que estava na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a venezuelana Ureña, culpou no Twitter o governo de Maduro. No meio dos distúrbios na ponte de Santander, em Ureña, a deputada da oposição Gaby Arellano acusou os militares de queimarem os veículos. “As pessoas estão salvando a carga do caminhão e cuidando da ajuda humanitária que (o presidente Nicolás) Maduro, o ditador, ordenou que queimassem”, disse Gaby aos repórteres. Os outros dois caminhões da caravana retornaram para Cúcuta no fim do dia. Leia mais no Estadão.

Estadão Conteúdo
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