Foto: Divulgação/Arquivo
Governador Rui Costa 14 de fevereiro de 2019 | 08:50

Até quando vai a reforma do governador Rui Costa?, por Raul Monteiro*

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Se o parâmetro for a reforma administrativa de Rui Costa (PT), o ditado segundo o qual o ano na Bahia só começa depois do Carnaval ganha mais uma reforço. Afinal, o governador até agora não finalizou o processo de montagem do segundo governo, deflagrado não só com a expectativa natural que sua reeleição provocou, desde outubro de 2018, mas com a confirmação feita por ele mesmo de que promoveria mudanças. E tudo indica que, com a maior festa popular do planeta se aproximando, o gestor só conseguirá anunciar o nome dos restantes quatro titulares das 25 pastas que comanda depois do grande evento, em março.

Neste caso, a demora é que é a maior inimiga da perfeição. Os secretários que aguardam uma definição sobre se ficam ou deixam seus postos relatam um desconforto enorme. A bem da verdade, teriam poupado o governador e a si próprios do desgaste se, assim que a eleição terminou, no ano passado, tivessem entregue coletivamente seus cargos a fim de dar mais liberdade ao gestor para montar a nova equipe. Como o seu apego e o dos partidos que os indicaram é maior do que o princípio de que precisavam facilitar a vida do governador, não teve um que se dignasse a tomar a atitude.

Mas a instabilidade não afeta apenas os secretários que hoje se encontram nesta situação, da mesma forma que em passado recente incomodou aos outros que tiveram a sorte de terem sido confirmados antes, seguindo os passos de soluço das mudanças. A agonia maior é vivenciada principalmente por seus subordinados, muitos em posições de destaque, que relatam uma situação desagradável de letargia na máquina, porque ninguém sabe se as políticas que hoje executam terão continuidade, o que protela decisões e afeta projetos que precisam de definições claras quanto aos rumos a seguir.

Se o clima no primeiro escalão é de desagrado, ele não é de mais alívio no segundo, onde estão órgãos e empresas muitas vezes tão importantes quanto as secretarias. Mesmo porque o que circula entre gente que atua no governo e parlamentares da base de apoio de Rui Costa é que as definições neste campo só depois de concluída a reforma do secretariado, o que, portanto, os indícios projetam para março, depois do Carnaval, a menos que o governador surpreenda a todos e acelere o passo, mostrando que anda de fato na “correria”, como diz sua propaganda, o que pelo menos este processo evidencia não ser assim o retrato da verdade.

Enquanto o tempo passa e o vácuo se amplia, é natural que a base, sempre ávida por ampliar seus espaços na máquina, comece a se movimentar. Por enquanto, as maiores pressões partem do vice-governador João Leão, cujo PP já abocanhou duas secretarias – a de Desenvolvimento Econômico, para ele próprio, e a de Recursos Hídricos -, além de várias outras posições menores, mas lidera um grupo conhecido pelo apetite verdadeiramente de Rei das Selvas. Nada impede, entretanto, que os maiores afetados pela movimentação do PP, como o PSD e o PT, passem também a exigir mais e mais enquanto o governador não se decide.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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