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PT pretende fazer sucessor de Rui Costa em 2022 e isso terá influência na reforma de agora 07 de janeiro de 2019 | 07:44

Sem mais espaço para aliados no governo Rui, por Raul Monteiro*

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A análise tanto de aliados quanto de adversários do petismo na Bahia de que o fim do segundo mandato de Rui Costa à frente do governo baiano vai representar também o encerramento do ciclo político do PT no Estado, abrindo espaço para o surgimento quase natural de alternativas à sucessão estadual de 2022 entre governistas e oposicionistas, não encontra guarida no partido do governador e provavelmente nem nele próprio, se é que, efetivamente, o gestor pensa como um petista, posição em relação à qual não há motivos para grandes dúvidas.

Não há o menor sinal entre representantes destacados do PT na Bahia de que eles vão se resignar com a tese, já mencionada por petistas como o senador eleito Jaques Wagner, provavelmente como forma de promover o distensionamento do grupo, e aceitar de bom grado que a sucessão de Rui Costa vire assunto exclusivo dos partidos que compõem hoje sua base política na Assembleia Legislativa, onde nomes para enfrentar o desafio da sucessão estadual de 2022, apesar de aparentemente longíqua, sobram e traçam as primeiras articulações.

Curioso é que o PT baiano usa como referência para defender o ponto de vista de que essa idéia de encerramento de ciclo é balela o exemplo daquele que foi, até a ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República, seu maior adversário político, o PSDB. Afinal, como diz um petista de quatro costados, o PSDB bate o recorde de 24 anos de mandatos no comando do Estado de São Paulo, berço político do petismo, com a eleição do ex-prefeito João Dória, sobre o qual pode até se questionar que não seja lá um tucano autêntico, mas é o PSDB que, neste momento, ele representa.

Não seria por outro motivo que o governador baiano tem tomado precauções excessivas no processo de montagem da equipe com que pretende governar a partir de agora, apesar do escorrerão de antecipar que quatro colaboradores seriam mantidos, o que levou a indignação profunda na equipe. Na realidade, partidos aliados que alimentam a idéia de ampliar seu espaço na reforma prevista, sob o argumento de que ampliaram sua força no Estado por meio da eleição de mais prefeitos e vereadores, devem começar a recolher as expectativas.

Primeiro, porque para os petistas o sucesso eleitoral municipal de cada uma das legendas que apóiam o governo não foi gratuito, mas decorreu do próprio espaço de que desfrutam na máquina estadual, não podendo lhes ser exclusivamente atribuído. Depois – e mais importante que tudo -, se é verdade que o governador concorda com a análise de que o PT tem efetivamente chances de fazer seu sucessor daqui a quatro anos, não há motivo para que ele queira empoderar em demasia os aliados, criando, como se diz no ditado popular, cobra para mordê-lo e a seu partido mais à frente.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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