20 de janeiro de 2019 | 10:13

Hoje na prisão, Lula brilhou no Fórum de Davos em 2003

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Se Davos está tomada pela curiosidade e até certa apreensão sobre o que representa o governo de Jair Bolsonaro, que faz sua estreia internacional nesta semana, não é a primeira vez que o Fórum se transforma em um espécie de teste a um presidente brasileiro. Em 2003, depois de uma forte volatilidade nos mercados financeiros diante da eleição, o então recém empossado Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido na estação de esqui num clima de desconfiança e curiosidade. Naquele momento, os mercados temiam um governo que pudesse se afastar do mundo financeiro. Mas, em seu primeiro discurso, Lula propôs diálogo, garantiu que não atacaria o capitalismo e moderou seu discurso. Funcionários de Davos que estiveram naquele evento há 16 anos lembram que os comentários foram de alívio. Em sua estreia, Lula disse o que a elite das finanças mundiais queriam ouvir: faria “reformas econômicas, sociais e políticas muito profundas, respeitando contratos e assegurando o equilíbrio econômico”. Ele não deixou de mandar um recado. “Aqui em Davos, convencionou-se dizer que hoje existe um único Deus: o mercado. Mas a liberdade de mercado pressupõe, antes de tudo, a liberdade e a segurança dos cidadãos”. Naquele momento, o discurso foi interpretado como um sinal claro de que não haveria expropriações nem um confronto com multinacionais e muito menos um questionamento do sistema financeiro. Lula ainda fez um gesto inédito: participou num espaço de poucos dias do Fórum Social de Porto Alegre e de seu contraponto, na Suíça. Aos ativistas do Sul prometeu que levaria sua agenda social aos “donos do capital”.

Estadão Conteúdo
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