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Governador Rui Costa ainda não anunciou nomes de 10 auxiliares 30 de janeiro de 2019 | 09:11

A aguardada, incompleta e decepcionante reforma de Rui Costa

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A contar pelo tempo com que deve ter sido maturada pelo chefe de governo, e o noticiário não indica nada em sentido contrário, a esperada reforma administrativa de Rui Costa (PT) pode ser considerada simplesmente decepcionante. Ela chega frustrando a expectativa com que o anúncio de mudanças, ainda mais quando aguardadas por tão longo período como essa, mais produz: novidade.

Não foi incorporado sequer um quadro novo no grupo do governador capaz de produzir a esperança de transformação nas políticas públicas que seu governo executa há pelo menos quatro anos, dando continuidade à gestão, também petista, do antecessor, Jaques Wagner. Pelo contrário, nomes que circularam por lá e ressurgiram por aqui reaparecerem agora como verdadeiros mortos-vivos.

Exatamente porque suas biografias não oferecem qualquer sinal de que gerarão qualquer ruptura no mais do mesmo com que a sociedade baiana se acostumou desde então. Para um governo que faz tantas exigências aos aliados sobre a qualificação dos nomes que são aconselhados a indicar dentro do espírito de uma coalizão, rejeitando, inclusive, muitas sugestões, o resultado do anúncio de ontem é de uma pobreza singular.

Ou, radicalizando, como muitos preferem, de uma mediocridade gritante. Pior: confirma a crítica que os correligionários mais dirigem ao governador, de ser uma figura altamente centralizadora, em torno de quem não só o governo, mas os auxiliares devem girar submissos a um código tácito pelo qual é melhor que não brilhem, mesmo que isso imponha seu alto custo à máquina que ajudam a gerir.

A bem da verdade, há confirmações de nomes que, pelo trabalho desenvolvido até aqui e o respeito que adquiriram em decorrência dele, revelam reconhecimento e prêmio por desempenho. Fábio Vilas Boas, da Saúde, Maurício Barbosa, da Segurança Pública, Marcus Cavalcanti, da Seinfra, e Andre Curvello, da Comunicação, são alguns dos integrantes desse time pequeno.

Há que também fazer justiça ao governador. No período em que assumiu o governo pela primeira vez, sem contar na pequena herança de que nunca pode falar, por motivos óbvios, foi obrigado a gerir a crise econômica produzida pela gestão atabalhoada de sua correligionária Dilma Rousseff (PT), que levou ao colapso diversas administrações estaduais, às voltas com atrasos no pagamento de salários e fornecedores.

Dada a pobreza cada vez maior da Bahia e a centralidade dos governos em sua economia, a repetição de um quadro desses no Estado seria simplesmente catastrófico, avassalador. É mérito de Rui ter impedido que o caos engolfasse a Bahia e provavelmente por simples reconhecimento e agradecimento a este feito a população tenha lhe confirmado um segundo mandato com 75% dos votos.

O momento atual, no entanto, além de exigir o aprofundamento dos ajustes, como alguns já sabiamente encaminhados pelo governo e aprovados na Assembleia Legislativa, cobra do gestor, principalmente, ousadia, a qual não se encontra no leque de opções com que coroou seu o anúncio de ontem, feito unilateralmente na proteção que a internet dá, no chamado “Papo Correria”.

Para completar, surpreende que ainda faltem indicar 10 dos 25 auxiliares do primeiro escalão num governo que é, a um só tempo, de continuidade e recomeço. Sem uma percepção clara de que os tempos mudaram e imporão, além de tudo, uma conjuntura política, a princípio, extremamente hostil, fica difícil imaginar que o ciclo do PT na Bahia não se encerrará com o término do mandato de Rui Costa em 2022.

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