Foto: Divulgação/Arquivo
Deputado federal Jutahy Magalhães Jr., que encerrou ciclo de vida como político e agora vai dedicar-se à advocacia 14 de dezembro de 2018 | 16:11

“Vida é democracia”, diz Jutahy em discurso de despedida da Câmara dos Deputados

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Em discurso de despedida na Câmara dos Deputados, esta semana, o deputado federal Jutahy Magalhãe Jr. (PSDB) lembrou de sua trajetória de 40 anos de vida pública, iniciada com um mandato de deputado estadual na Bahia, em 1978, e declarou estar feliz pelo fato de ter ajudado a cumprir os grandes objetivos de sua geração, que foram a luta pela Anistia, a qual permitiu o retorno ao país dos adversários do regime ditatorial, e pelas eleições diretas no país.

Jutahy lembrou que entrou na política por vocação, para servir, o que fez com honradez, dignidade, seriedade, responsabilidade e assuduidade. Ele advertiu que se a luta pela Anistia foi vitoriosa, a emenda Dante de Oliveira, pelo retorno das eleições diretas, não pode ser aprovada, mas a mobilização decorrente da iniciativa pela redemocratização conduziu o país à Constituinte, da qual teve a honra de participar como representante da população baiana.

O parlamentar aproveitou a oportunidade para fazer um elogio e um reconhecimento à figura do ex-deputado Ulysses Guimarães, que classificou como o maior parlamentar que teve a oportunidade de conhecer no exercício da presidência da Câmara dos Deputados. “Foi sua Excelência a maior autoridade que vi presidindo, com autoridade, com altivez, capacidade de diálogo e com a competência de saber quais eram os objetivos a serem conquistados”, disse sobre Ulysses.

Segundo Jutahy, “Ulysses Guimarães merece todas as homenagens, principalmente dos jovens, que não sabem, muitas vezes, qual é a importância do homem que conduziu o Brasil à democracia através de um projeto claro de fazer a democracia dentro de um objetivo pacífico e promover a transformação de que o Brasil precisava”. Ele lembrou que teve ainda a oportunidade, sem maiores satisfações, de participar e votar a favor dos dois impeachments – de Collor de Mello (PRN) e de Dilma Rousseff (PT), ambos dentro da democracia e da legalidade.

Jutahy recordou ter estado presente na luta contra a hiperinflação, com a aprovação ao Plano Real, no governo do ex-presidente Itamar Franco (MDB), mas concebido por seu então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), “o mais qualificado intelectual presidente do país”, que viria a se eleger na esteira do sucesso das medidas. “Ele (FHC) exerceu o seu mandato fazendo transformações fundamentais e contra a inflação como algo essencial à defesa dos mais pobres”, declarou.

O baiano afirmou que viu parte da história importante do país neste período e que agora encara o encerramento do ciclo parlamentar e da vida política iniciando uma nova atividade profissional, como advogado, em Brasília, no escritório do filho, Jutahy Magalhães Neto, atividade para a qual se preparou formando-se na Universidade Federal da Bahia e que exercerá com a mesma dedicação com que se pautou no exercício dos mandatos parlamentares.

Além de desejar sucesso a todos os políticos que se elegeram este ano, nas mãos dos quais disse reconhecer que está o futuro do país, Jutahy enfatizou acreditar na democracia como único instrumento capaz de transformação e da luta por mais igualdade social, conquista que ainda não se realizou no Brasil, só possibilitada pela derrota da inflação. Referindo-se a uma corrida de bastão, disse que “cumpriu sua etapa e passa o bastão para os seguintes”.

“E esses podem fazer do Brasil um grande país, respeitando a diversidade, respeitando o contraditório”, declarou o parlamentar, observando sentir uma tristeza gigantesca quando vê o debate descambar para ataques pessoais, o que nunca permitiu durante a sua atuação parlamentar e política. “Não se faz política sem a concórdia”, declarou o baiano, completando:

“Posso dizer que há uma medalha para mim: estou há praticamente 32 anos neste Parlamento, nesta Casa, em que, com muito orgulho, tenho representado o meu Estado e nunca estive em um bate-boca; não agredi, nem fui agredido, porque sempre respeitei o adversário como alguém que tem sempre a contribuir, porque nós aprendemos com a posição divergente. Nós temos que ter essa visão de mundo. E eu faço apenas uma sugestão aos que chegarem: entendam que a vida é diversidade! Vida é democracia”.

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