Foto: Política Livre/Arquivo
Prefeito ACM Neto faz primeira ponte concreta com presidente eleito Jair Bolsonaro 13 de dezembro de 2018 | 08:49

Neto faz a ponte do momento com Bolsonaro, por Raul Monteiro*

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Presidente nacional do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador, parece ter dado um passo importante na direção de um entendimento com o PSL do presidente eleito Jair Bolsonaro por meio da formalização de um acordo com a deputada federal eleita Dayane Pimentel, principal representante do partido do capitão reformado na Bahia, pelo qual ela indicará seu marido, Alberto Pimentel, para ocupar a secretaria municipal de Trabalho e Esportes. Dayane é uma novata na política e conquistou sua eleição com uma votação surpreendente numa campanha feita pela internet, na esteira da onda Bolsonaro.

Por causa da operação com a Prefeitura, passou a ser alvo nas redes sociais de variadas e duras críticas por utilizar-se de método típico do “tomaládácá” que a turma do PSL, Bolsonaro à frente, dizia que pretendia banir da política, o que os apoiadores incautos de ambos devem estar percebendo, com algum atraso, que não é absolutamente verdade. Mas enfronhou-se de tal forma com o futuro presidente e seus aliados mais próximos em Brasília que parece hoje o principal elo de ligação entre ele e a Bahia, cujo governador é do PT. É, portanto, a alternativa com que Neto conta no momento.

Pelo menos enquanto não se resolve a sucessão para a presidência da Câmara dos Deputados, para a qual a reeleição do amigo e correligionário democrata Rodrigo Maia (RJ) seria uma mão na roda para o prefeito de Salvador. Maia cooperou imensamente com Neto no plano de seu relacionamento com o governo federal num momento em que não era interessante ao prefeito de Salvador aparecer como protagonista da relação com o desgastado presidente Michel Temer. Reelegendo-se agora, cumpriria o mesmo papel na relação do presidente do DEM com o capitão reformado.

Como se sabe, o prefeito não apoiou Bolsonaro à Presidência. Adversário ferrenho do petismo, preferiu a linha da moderação e da previsibilidade representada pela candidatura do tucano Geraldo Alckmin, que naufragou ainda no primeiro turno. Se o presidente eleito não tem razões para guardar qualquer mágoa pessoal do prefeito, não teria agora qualquer motivo maior para fazer um gesto na sua direção, inclusive porque o DEM pulou com os dois pés em seu futuro governo emplacando três ministros, antes mesmo de qualquer acordo do partido pelo apoio formal à sua gestão.

Mas se pretende continuar fazendo um bom governo em Salvador, Neto sabe que, como prefeito, precisa manter a ponte livre com o futuro governo. O desejo de aproximação não parte só deste pressuposto. Há uma avaliação no grupo do prefeito de que, se acertar a mão na economia nestes dois anos, o próximo presidente será um eleitor importantíssimo em 2020, tal qual o próprio Neto, se continuar imprimindo o mesmo ritmo à atual gestão da cidade. Ele lá e Neto cá teriam força suficiente para fazer o sucessor do prefeito na próxima sucessão municipal, etapa fundamental para o plano do democrata de concorrer ao governo em 2022.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje é editor da coluna Raio Laser e do site Política Livre e escreve neste espaço às segundas e quintas-feiras.

Raul Monteiro*
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