25 abril 2024
A justíssima homenagem que o Tribunal de Justiça do Estado prestou esta manhã à juíza aposentada Mary de Aguiar Silva, de 92 anos, pelo fato de ter sido a primeira magistrada negra da Bahia e do Brasil, não escondeu uma dura resposta à desembargadora aposentada e ex-ministra Luislinda Valois (Direitos Humanos), que durante muito tempo se auto-atribuiu publicamente o título. Empossada em 1962, não se imagina a luta que esta brava mulher deve ter travado contra o preconceito e as dificuldades de uma infância humilde, como destacaria hoje, na grande festa que o TJ preparou para a concessão da honraria, o sobrinho de Mary, Eli José de Aguiar, que se deslocou de Brasília, com muito orgulho, para prestigiar a homenagem à tia. A primeira juíza negra atuou na Bahia de 1962 a 1995, mas sua exuberante carreira jurídica incluiu ainda uma passagem como promotora de Justiça. O resgate ao seu papel pioneiro é devido à Comissão de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos, presidida pelo desembargador Lidivaldo Brito. Proposta pelo colegiado, a honraria foi aprovada à unanimidade durante uma sessão do pleno do Tribunal de Justiça em outubro passado, na qual o presidente da Corte, desembargador Gesivaldo Brito, não deixaria de alfinetar indiretamente Luislinda Valois, ao dizer que “tentaram usurpar” o reconhecimento a Mary. No evento de hoje, o próprio Lidivaldo voltou ao tema quando, aludindo à desembargadora aposentada e ex-ministra, afirmou que o TJ corrigiu um “equívoco histórico” ao dar publicamente o título à ex-juíza.