Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Sítio em Atibaia atribuído ao ex-presidente Lula pela Operação Lava Jato 12 de novembro de 2018 | 21:15

Fernando Bittar: Obras do sítio de Atibaia são ‘simples’ e ‘superdimensionadas’

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O empresário Fernando Bittar afirmou em interrogatório nesta segunda-feira, 12, perante a juíza Gabriela Hardt que as obras do sítio de Atibaia – pivô da terceira ação penal da Operação Lava Jato, no Paraná, contra o ex-presidente Lula – ‘são simples’ e foram ‘superdimensionadas’. Na avaliação do empresário, proprietário formal do imóvel, ‘não são obras de valores vultuosos’. A reforma e melhoria do sítio teriam sido providenciadas como propina a Lula das empreiteiras Odebrecht e OAS. Bittar, Lula e outros 11 são réus nesta ação por corrupção e lavagem de dinheiro. A Lava Jato afirma que o sítio passou por três reformas: uma sob comando do pecuarista José Carlos Bumlai, no valor de R$ 150 mil, outra da Odebrecht, de R$ 700 mil e uma terceira reforma na cozinha, pela OAS, de R$ 170 mil, em um total de R$ 1,02 milhão. Segundo os investigadores, parte do valor de propinas da Odebrecht e da OAS para Lula – R$ 870 mil -, foi lavada mediante a realização das obras, construção de anexos e outras benfeitorias. Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro na Lava Jato, questionou Bittar se ele sabia o valor gasto por Bumlai na obra. “Não, não tenho ideia. Eu vim saber depois nos autos”, declarou. “Volto a falar, as obras são simples, foram superdimensionadas, porque elas não são obras de valores vultuosos. Nada que assuste aos olhos”. A juíza afirmou que ‘só na parte do Bumlai existe uma planilha bem detalhada de custos que dá R$ 150 mil’. “O sr acha que isso é baixo?”, quis saber. “Não, não acho um valor baixo, doutora, pelo amor de Deus. A gente não pode menosprezar essa questão do dinheiro e orçamento, haja vista o valor do sítio, mas se tratando do que precisava fazer e com o empresário que é o Bumlai, eu falei: ‘ele tem condição de fazer, eu não teria condições de fazer uma obra’”, disse. Gabriela perguntou ao empresário se ele achava ‘normal’ um amigo fazer uma obra de R$ 150 mil sem cobrar nada. “Não, não acho normal, tanto é que eu tenho outra propriedade e ninguém fez uma obra para mim. Foi um caso…”, afirmou Bittar. “Eu não sei dizer se eles (Lula e Marisa) pagaram. Mas na minha cabeça…” A magistrada emendou. “Mas foi na sua propriedade, o benefício foi para o senhor”. “Sim. Na minha cabeça, eu imaginava que isso eles teriam que pagar. Eu estava cedendo um espaço para eles construírem alguma coisa”, declarou o empresário. Fernando Bittar contou que, após comprar o sítio, pensou ‘somente umas adaptações que não seriam muitas, eram adaptações para receber o nosso pessoal’. “Ia ser um sítio de convivência”, contou. “Era muito pouco (investimento), vamos dizer num primeiro momento, uns R$ 20 a 30 mil. Mas sabendo que sempre ia tendo obras ao longo do sítio, que foram ocorrendo e eu gastei mais do que isso”. Leia mais no Estadão.

Estadão Conteúdo
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