Foto: Roque Sá/Agência Senado
Embaixador José Alfredo Graça Lima, cotado para o ministério de Relações Exteriores do futuro governo 13 de novembro de 2018 | 19:06

Cotado para Relações Exteriores, Graça Lima defende Itamaraty na execução da agenda comercial

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O embaixador José Alfredo Graça Lima defendeu nesta terça-feira, 13, o papel do Itamaraty como executor das políticas comerciais do país. Segundo ele, não importa a configuração da área econômica, com a separação dos ministérios da Fazenda e da Indústria e Comércio, como vigora hoje, ou com a fusão das pastas, como proposto pela equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro. O importante, diz, é manter a separação de papéis, com a área econômica do governo definindo as políticas e o corpo diplomático atuando nas relações externas. Graça Lima não quis comentar os rumores de que pode vir a ocupar a pasta de Relações Exteriores no governo Bolsonaro. Deixou claro, porém, sua posição em relação a temas que já despontam na pauta do novo governo. Disse que os sinais de que o Brasil passará por um forte movimento de abertura comercial impactam diretamente algumas das agendas externas do país nos últimos anos. Citou a negociação do acordo comercial com a União Europeia, que já dura 20 anos, e as negociações no âmbito do Mercosul. “Os sinais estão sendo claros: o Brasil vai se abrir, independente do acordo com a União Europeia, que não avança, e do Mercosul que também não avança”, disse Graça Lima, que está há 48 anos no Itamaraty, metade dos quais dedicado à agenda comercial. “O acordo com UE vai muito contrariamente às nossas maiores ambições, que é incluir agricultura nas regras do Gatt (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, na sigla em inglês). Pelo contrário, impõe cotas, que são uma restrição quantitativa”, completou durante intervalo do seminário Diálogo para Inovação – Brasil e China, realizado pelo Cebri. Graça Lima disse que a governança da área externa, como a separação de papéis entre o Itamaraty e os ministérios da área econômica ajudam a preservar os interesses globais do país, que poderiam ser capturados por interesses setoriais. “O sistema tem servido bem ao Brasil porque tem esses dois chapéus”, defendeu.

Estadão Conteúdo
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