07 de outubro de 2018 | 08:08

País tem chance de acelerar crescimento em 2019 se começar ajuste no 1º semestre

economia

O Brasil escolhe hoje um novo presidente com um cenário favorável para o crescimento, ainda que a oportunidade tenha sido aberta por um quadro econômico perverso: dois anos de recessão profunda seguidos de outros dois de promessas frustradas. Com juro e inflação baixos, mão de obra disponível e capacidade ociosa, há chance de que o País cresça além de seu potencial médio – de cerca de 2% ao ano – a partir de 2019. Mas, para a recuperação não ficar de novo na intenção, economistas dizem que o novo ocupante do Palácio do Planalto tem uma tarefa urgente: definir a solução para o déficit fiscal já no primeiro semestre.cEndereçar medidas de corte de gastos que amenizem o rombo nas contas públicas – o que deve passar pela reforma da Previdência – é a única forma de tirar o setor produtivo do atual estado de torpor. “Todo mundo concorda que a agenda de reformas na área fiscal é essencial e daria ao País espaço para crescer”, diz Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco. Parece simples, mas não é: as condições para a recuperação estão dadas desde 2017, mas tirar do papel a ideia de controle de gastos tem sido o desafio. Neste ano, as previsões para a expansão do PIB chegaram a 3%, mas agora estão em pouco mais de 1%.cA chance de usar o pós-crise como alavanca de crescimento exige uma política econômica clara, diz Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre/FGV. Ele vê a questão fiscal como prioridade zero. E, como a solução terá de passar por uma costura política habilidosa do novo presidente, ele recomenda que o trabalho comece a ser feito ainda em 2018, para que o País ganhe tempo precioso em 2019. “A verdade é que, nos últimos dois anos, os políticos resolveram fazer greve”, diz Pessôa. “O Congresso quer se abster de arbitrar o conflito de distribuir riquezas e fazer o Estado brasileiro caber dentro da própria capacidade.”

Estadão Conteúdo
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